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OPINIÃO DO DIA Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2023, 07:08 - A | A

17 de Fevereiro de 2023, 07h:08 - A | A

OPINIÃO DO DIA / Carla Reita Faria Leal

O uso excessivo da tecnologia e as doenças ocupacionais psicossociais



Como tem sido visível para todos nós e demonstrado por muitos estudos, o mundo do trabalho tem sofrido inúmeras transformações em diversos setores, seja pelo surgimento de novos negócios, pelo desaparecimento de outros, pela reformulação de produtos e de processos produtivos ou mesmo pela alteração das formas de prestação laboral.

Na verdade, as mudanças não são apenas no âmbito do trabalho, mas de todos os aspectos de nossa vida, atingindo a forma como trabalhamos, nos expressamos, nos comunicamos, nos informamos e até como nos relacionamos.

O uso da tecnologia tem aumentado cada vez mais, inclusive em atividades laborais que antes não o exigiam, como na agricultura, no transporte, na construção civil, entre outros.

É comum vermos caminhões equipados com sofisticados sistemas de rastreamento; tratores, colheitadeiras e outros instrumentos para plantio e preparo do solo totalmente informatizados; e equipamentos, como betoneiras e outras ferramentas na construção civil, que exigem formação específica para o seu manuseio face à sua automatização.

Isso sem contar com as demais atividades que já utilizavam intensamente a tecnologia, como o setor financeiro, a imprensa, a contabilidade, a advocacia, a medicina e outros mais.

Apesar de o uso da tecnologia ter beneficiado muitos trabalhadores no desenvolvimento de suas tarefas, como as insalubres e perigosas, existem também pontos negativos que devem ser destacados, em especial em relação aos seus impactos na saúde mental do trabalhador.

Se antes a preocupação era com os acidentes de trabalho chamados típicos e as doenças ocupacionais desencadeadas pelas condições de trabalho e produtos manipulados pelo trabalhador, dentre elas a LER/DORT, a asma ocupacional, as perdas auditivas, os canceres ocasionados por exposição a produtos químicos, as dermatoses decorrentes de manipulação de alguns produtos, hoje o cuidado e o desassossego é com as doenças psicossociais que acometem os trabalhadores.

Essas doenças psicossociais, segundo os estudiosos, são provocadas ou desencadeadas pela baixa qualidade das relações interpessoais no ambiente laboral, em todos os níveis, do trabalhador com seus superiores hierárquicos, seus colegas e os clientes da empresa; pela forma que o trabalho é organizado, aí envolvendo questões como ritmo do trabalho, tempo de trabalho, técnicas de gerenciamento do trabalho, forma de cobrança de resultados, conteúdo das tarefas e, também, pelo uso excessivo de tecnologias no meio ambiente do trabalho.

Por outro lado, as doenças psicossociais decorrentes do trabalho representam um desafio para saúde pública, isso porque as pessoas por elas acometidas demoram a procurar um diagnóstico e tratamento, pois existe uma carga muito grande preconceito do próprio trabalhador doente, de seus superiores hierárquicos e mesmo da sociedade, o que faz com que haja, muitas vezes, um agravamento do quadro.

Com relação ao abuso do uso de tecnologia no trabalho, já ficou claro que a exigência de permanecer conectado por longas horas, até mesmo por 24 horas diárias, ou seja, uma prestação de trabalho contínua e com total disponibilidade, provoca uma confusão entre a vida pessoal e profissional dos trabalhadores e consequências maléficas para a saúde mental destes, dentre elas a exaustão mental, já que é necessário tempo de desconexão para que o cérebro possa descansar e retomar os seus níveis de produtividade.

Doenças como a depressão, a síndrome de burnout, o estresse ocupacional, a síndrome do pânico e a ansiedade generalizada, apenas para citar algumas, estão sendo diagnosticadas e vinculadas à forma que o trabalho é desenvolvido, aí incluído o uso abusivo da tecnologia.

Assim, da mesma forma que os empregadores devem adotar ações para combater os riscos relacionados à segurança e à saúde física dos trabalhadores, é necessária a adoção de medidas que previnam as doenças psicossociais relacionadas ao trabalho, pois é dever destes a proteção e a manutenção do bem-estar físico e mental dos empregados, sob pena de responderem civilmente pelos danos causados.  

Carla Reita Faria Leal é líder do grupo de pesquisa sobre o meio ambiente de trabalho da UFMT, o GPMAT.

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