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OPINIÃO DO DIA Quarta-feira, 26 de Abril de 2023, 17:06 - A | A

26 de Abril de 2023, 17h:06 - A | A

OPINIÃO DO DIA / Carla Reita Faria Leal

A semana fashion revolution e a conscientização para uma moda eco-socialmente correta



Entre os dias 22 e 29 de abril acontece a Semana Fashion Revolution em 120 cidades, distribuídas em 25 estados brasileiros. O Fashion Revolution é um movimento global, presente em 100 países, que incentiva maior transparência, sustentabilidade e ética na indústria da moda, buscando a conscientização, a mobilização e a educação dos agentes envolvidos e da sociedade de um modo geral.

O movimento foi criado após o desabamento do edifício Rana Plaza que abrigava confecções de roupas em Bangadlesh, no dia 24 de abril de 2013, deixando mais de 1.100 mortos e 2.500 feridos, cujas vítimas, em sua maioria, eram mulheres jovens. Considerado um marco na indústria da moda, o desastre completa 10 anos em 2023 e escancarou a realidade das precárias e desumanas condições de trabalho de milhares de pessoas que produzem as peças de roupas que vestimos.

O movimento se espalhou pelo mundo para frear a precarização na indústria da moda, com a finalidade de evitar tragédias como a do Rana Plaza. Assim, são desenvolvidas ações mobilizadoras com vistas a incentivar e a fazer com que as pessoas reflitam e questionem suas marcas favoritas, analisando o contexto que está por trás de cada estampa: quem fez as minhas roupas? Do que são feitas minhas roupas? Qual é a cor de quem faz minhas roupas?

O movimento luta por uma mudança radical na moda para que essa passe a dialogar com a sustentabilidade e a valorização das trabalhadoras e trabalhadores, sem explorações de qualquer natureza. Ele convida marcas e a própria sociedade civil para aderirem ao movimento e para lutarem por uma revolução da moda, tema da Semana Fashion Revolution 2023.

O primeiro chamado obrigatório do movimento é o respeito pelas heranças culturais, celebrando e fomentando a artesania e honrando a criatividade, ao passo que não se apropria de nada sem permissão ou reconhecimento de sua origem. O segundo chamado se perfaz em fortalecer a solidariedade, a inclusão e a democracia por meio da moda, construindo um movimento que lute contra as opressões de gênero, raça, classe e outras formas de exclusão.  [1] FASHION REVOLUTION BRASIL (Brasil). Semana Fashion Revolution 2023: 22-29 abril 2023. Disponível em: https://semanafashionrevolution.com.br/. Acesso em: 21 abr. 2023. 

A ideia da hashtag #QuemFezMinhasRoupas é levar o consumidor à reflexão sobre a mão de obra utilizada para a confecção daquela vestimenta. Além disso, a provocação também tem o intuito de fazer com que as empresas mostrem, celebrem e valorizem as pessoas que trabalham em cada etapa da produção e da confecção de roupas e acessórios, considerando que muitos são os casos de redução à condição análoga à de escravos e violação de direitos trabalhistas relacionados à indústria têxtil.

Ademais, atualmente muitas peças de roupa são feitas com produtos e substâncias agressivas ao meio ambiente (muitos desses nocivos também à saúde humana), cuja matéria-prima é extraída de fontes poluentes, como o couro bovino ou o petróleo. Para isso, o movimento criou a hashtag #DoQueSãoFeitasMinhasRoupas, com o objetivo de educar as pessoas sobre os impactos ambientais dos materiais utilizados.

O consumo de roupas e acessórios também precisa estar alinhado à sustentabilidade ambiental, de modo que a sociedade cobre e as empresas de produção têxtil invistam em tecnologias limpas ou que impactam minimamente o meio ambiente. Tem-se como exemplo a utilização da fibra-cânhamo para a confecção de roupas, como uma alternativa para a moda com zero desperdício.

O movimento também nos conclama a refletir sobre as implicações do racismo no mundo da moda. Deste modo, criou-se a hashtag #ACorDeQuemFezMinhasRoupas para enfrentar o debate sobre moda e racismo, identificando as demandas dos profissionais da indústria da moda e promovendo uma cultura que favoreça a diversidade racial e inclusão de trabalhadores negros e negras em cargos de gestão e cargos executivos, promovendo oportunidades de crescimento para tais trabalhadores. Vale dizer que, entre os anos de 2016 e 2018, quatro a cada cinco pessoas resgatadas em situação análoga à de escravo eram negras.

É importante lembrar que a moda não está apenas nas passarelas ou nas vitrines das grifes de luxo e capas de revistas, mas no dia a dia de todas e todos. Por trás de cada peça de roupa vendida pode existir uma série de trabalhadoras e trabalhadores explorados e produzindo com vistas apenas na maximização dos lucros. Deste modo, em um país onde a maioria da população empobrecida é negra, a cor de quem ocupa esses postos de trabalho tão precarizados é de suma importância.

Com os três questionamentos acima detalhados, o movimento Fashion Revolution busca fomentar a transparência entre as marcas e fabricantes de roupas, estimulando a sociedade civil a questionar e a cobrar para que as empresas da moda prestem contas à sociedade acerca de suas atividades e na adoção de práticas mais sustentáveis.

Para saber mais sobre o movimento Fashion Revolution e acompanhar os eventos da semana, siga os perfis do Fashion Revolution Brasil e GPMAT no Instagram, tendo mais detalhes sobre a semana, os eventos a serem realizados e os posts sobre o tema de 2023. 

Carla Reita Faria Leal e Otávio Luiz Garcia Salles de Carvalho são membros do Grupo de Pesquisa sobre meio ambiente do trabalho da UFMT, o GPMAT.

 

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