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JUSTIÇA Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015, 16:29 - A | A

23 de Fevereiro de 2015, 16h:29 - A | A

JUSTIÇA / DÍVIDA DE R$ 58 MI

Justiça publica relação de credores da Trescinco

Banco Panamericano tem crédito de R$ 13 milhões; no total, são 468 credores

PRISCILLA VILELA
DO MIDIANEWS



O juiz Cláudio Roberto Zeni Guimarães, da Vara da Falência e Concordata de Cuiabá, tornou pública a relação dos 468 credores da Trescinco Distribuidora de Automóveis Ltda. e Trescinco Veículos Pesados Ltda. que, juntas, somam dívidas de R$ 58 milhões.

O banco privado paulista Panamericano é o maior credor, com R$ 13 milhões, mais de 22% do total do valor milionário.

Em seguida, segundo a relação publicada no Diário Oficial, estão os bancos Paulista S/A, com R$ 6 milhões e o Banco Daycoval, com R$ 4,1 milhões.

Na mesma situação estão ainda os bancos HSBC, com R$ 2.461 milhões, Sicredi, com R$ 2.717 milhões, Uni

"Ao todo, são 468 empresas e pessoas físicas inclusas na lista de credores da Trescinco. Destas, o banco Panamericano é o detentor de maior parte da dívida"

cred-MT, com R$ 2.509.170,79 e Banco Mercantil do Brasil, com R$ 512 mil.

Estes credores estão inclusos na classe de garantia real, ou seja, possuem maiores garantias para recebimento do dinheiro.

A concessionária também possui credores com valores menores, como é o caso da Transrapido Sinal Verde Ltda, com R$ 90 reais, Tropical Pneus Ltda, com R$ 1.065, Stelmat Teleinformática, com R$1.148, Tam linhas aéreas, com R$ 601,42 e Solidez Transportes Ltda, com R$ 105 reais. Estas, no entanto, estão inclusas na chamada "classe quirográfica", o que significa não ter garantia para receber o dinheiro.

Com a veiculação oficial dos montantes, a partir de agora os credores terão prazo de 30 dias para apresentarem objeções aos valores apresentados.

O pedido de recuperação judicial da Trescinco foi protocolado junto à justiça mato-grossense ainda em janeiro deste ano.

Segundo os autos, a empresa alegou que o colapso financeiro que enfrenta desde 2011foi motivado pela crise no mercado de veículos e por problemas gerados por conta da execução das obras de mobilidade urbana da Copa do Mundo de 2014, o que culminou na brusca queda de venda de veículos desde 2011.

Recuperação

Na decisão de recuperação judicial, o juiz Cláudio Zeni determinou que a Trescinco apresentasse, em prazo máximo de 60 dias, um plano de recuperação judicial.

Para o processo, o magistrado nomeou como administrador judicial o advogado Clayton da Costa Motta, que receberá 3,5% do valor da causa, o que resulta em cerca de R$ 2 milhões.
Deste montante, a Trescinco deverá adiantar R$ 600 mil ao advogado, em 24 parcelas.

Com a recuperação judicial, todas as ações de execução contra a Trescinco ficarão suspensas por 180 dias, assim como fica proibida a inclusão das empresas nos órgãos de restrição ao crédito.

A crise

Formado pelas empresas Trescinco Distribuidora de Automóveis Ltda. e Trescinco Veículos Pesados Ltda., o Grupo Trescinco iniciou suas atividades em Cuiabá em 1972, tendo sua sede, atualmente, instalada na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no Coxipó.

Responsável por 250 empregos diretos, a Trescinco alega na ação que teve os pagamentos normais junto a fornecedores, parceiros e bancos comprometidos a partir do início da crise mundial no setor e na economia, em 2011.

Segundo consta, o grupo foi obrigado a emprestar "dinheiro caro" no mercado, com taxas próximas de 10% ao mês, “o que estrangulou completamente todo o seu planejamento financeiro, comprometendo, ainda mais, o patrimônio imobilizado das empresas”.

A “concorrência desleal”, a partir da entrada de novas empresas no mercado, também é apontada como agravante da situação do grupo em Mato Grosso.

“Não se pode esquecer, ainda, de outro importante fator que vem causando enormes prejuízos ao Grupo Trescinco: a concorrência desleal, nos últimos cinco anos, causada pela entrada de marcas estrangeiras (China, Coreia, Japão), que – em vista de incentivos fiscais exclusivos - colocam seus produtos à venda abaixo do preço de custo, inviabilizando, por consequência, a margem de lucro do Grupo Trescinco”, diz trecho da inicial.

A Trescinco afirmou que nunca atrasou folha de pagamento e que vê, na Ação de Recuperação Judicial, a única forma viável de repactuar suas dívidas com credores (fornecedores, bancos e colaboradores), evitando a falência e uma possível “demissão em massa" de seus trabalhadores.

A lista completa dos credores pode ser conferida aqui

Leia também:

Trescinco e Ariel ingressam com pedidos de recuperação judicial

Justiça aprova o pedido de recuperação judicial da Trescinco

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