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JUSTIÇA Quinta-feira, 08 de Março de 2018, 17:38 - A | A

08 de Março de 2018, 17h:38 - A | A

JUSTIÇA / OPERAÇÃO BERERÉ

Irmão e sócio de Paulo Taques defendeu EIG em ações judiciais

Advogado defendeu empresa investigada em ao menos dois processos na Justiça do Trabalho

RODRIGO VARGAS
DA REDAÇÃO



O advogado Pedro Jorge Zamar Taques, irmão e sócio do ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, atuou em processos judiciais em defesa da EIG Mercados LTDA, investigada na Operação Bereré como o pivô de um suposto esquema de fraude e desvio de verbas no Detran-MT.

O Midianews apurou que, entre novembro e dezembro de 2017, Pedro Jorge foi o único representante em ao menos duas ações trabalhistas movidas contra a empresa e o órgao estadual.

Reprodução

jorge taques

 

Em ambas, a participação do advogado foi oficializada por meio de uma carta de substabelecimento assinada em 14 de maio de 2015 pelo escritório que representa a EIG em Brasília.

Pedro Jorge foi citado em depoimentos à Delegacia Fazendária (Defaz) e ao Ministério Público Estadual pelos empresários Marcelo da Costa e Silva e Roque Anildo Reinheimer, que confessaram envolvimento no suposto esquema.

Eles afirmaram que o escritório de Paulo Taques, Zamar Taques Advogados Associados, foi contratado pela EIG em 6 de outubro de 2014 - o dia seguinte à vitória de Pedro Taques ao governo.

Marcelo e Roque eram sócios da Santos Treinamento, empresa que, de acordo com as investigações, lavava o dinheiro oriundo das fraudes. Segundo o Ministério Público, parte dos recursos abasteceu campanhas políticas.

Uma figura relevante neste contexto é a de Valter José Kobori, que assumiu a direção executiva da EIG no final de 2014 e, segundo o depoimento de Costa e Silva, costumava ressaltar sua proximidade com Pedro Jorge Taques, a quem se referia como um ex-colega dos tempos de escola.

“Jorge Taques havia sido seu advogado quando de sua separação e que assim iria ser o responsável pelas tratativas da manutenção do contrato perante o novo Governo que, segundo as pesquisas, seria vencida por Pedro Taques, primo de Paulo Taques”, disse.

Outro lado

Procurado, Paulo Taques respondeu, por meio de nota, que seu escritório "nunca prestou serviços à empresa EIG Mercados ou a sua antecessora FDL Serviços".

"O escritório Zamar Taques Advogados Associados e o advogado Paulo Cesar Zamar Taques (...) jamais receberam procuração ou substabelecimento para que assim o procedessem; e nunca firmaram contrato de assessoria jurídica com tais empresas", afirmou.

Os serviços prestados por seu sócio e irmão, Pedro Jorge, seriam resultado, segundo a nota, de um "contrato de prestação de serviços jurídicos individual" com o escritório D’Almeida Cordeiro & Mesquita Advogados Associados, com sede em Brasília.

Reprodução

jorge taques

 

"Atuando tão somente como correspondente desse escritório, e exclusivamente nas ações trabalhistas dos seus clientes em Mato Grosso, entre eles a empresa FDL/EIG", disse o ex-secretário.

A operação

Deflagrada em fevereiro, a Operação Bereré teve como fundamento a delação premiada do ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Moreira Lopes, o "Dóia". 

O esquema de fraudes, segundo ele, tinha as empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda (hoje a EIG Mercados Ltda.) e a Santos Treinamento Ltda como principais instrumentos e foi colocado em prática a partir de 2009.

Naquele ano, a EIG venceu uma licitação para prestar o serviço de registro de financiamentos de contratos de veículos. O contrato, de 20 anos, previa que a empresa ficasse 90% da arrecadação anual do serviço - em torne de R$ 25 milhões.

O contrato foi alterado em julho de 2015, na gestão Taques, quando a fatia destinada à empreda caiu para 50%. 

Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, em imóveis e escritórios, além da sede da empresa em Brasília.

Entre os políticos investigados sob suspeita de terem se beneficiado do esquema estão o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB) e o ex-deputado federal Pedro Henry.

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