LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Em seu pedido de recuperação judicial, o Grupo Engeglobal, dirigido pelo empresário Robério Garcia, declarou um total de R$ 48,7 milhões em dívidas com 749 credores.
Entre elas, está uma dívida R$ 2,3 milhões com a empresa Bimetal, que pertence ao ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (DEM).
Também consta na lista de credores (veja a lista completa ao final da matéria) um valor a pagar de R$ 567,1 mil com o empresário Valdir Piran, dono da Piran Factoring.
Outra parte da dívida é relativa a empréstimos contraídos em bancos, como o Banco do Brasil (R$ 4,1 milhões), Bic Banco (R$ 83 mil), Banco Volkswagen (R$ 287,5 mil), Banco Safra (R$ 417,1 mil) e Banco Econômico (R$ 276,5 mil).
Os dividendos do grupo com construtoras e empresas de materiais de construção também consomem boa parte da fatia do débito total.
Só com a Pereira Cardoso & Cardoso Ltda (Apoena Construtora), o débito é de R$ 8,1 milhões. Já com a Marilena Materiais de Construção a dívida é de R$ 1,3 milhão.
Fundada há 38 anos pela família do ex-governador José Garcia Neto, a Engeglobal Construções Ltda. faz parte de um grupo que reúne a Global Energia Elétrica S/A; a Advanced Investimentos e Participações S/A; os Hotéis Global S/A; a Global Empreendimentos Turísticos e a Construtora e Empreendimentos Guaicurus Ltda.
O pedido de recuperação judicial ainda está pendente de decisão. O caso tramita na 1ª Vara Cível de Cuiabá.
A recuperação
O Grupo Engeglobal assumiu algumas das principais obras previstas na preparação de Cuiabá rumo ao evento da FIFA, em 2014.
Entre elas, a reforma e ampliação do Aeroporto Marechal Rondon, os dois Centros Oficiais de Treinamento (COTs) da UFMT e do Pari, além da revitalização do Córrego oito de Abril e implantação do coletor tronco. Nenhuma foi concluída até hoje.
No pedido de recuperação judicial, a empresa se exime de culpa pelos atrasos e diz ter sido vítima de "projetos deficientes, inconsistentes e mal elaborados" que, ao longo da execução das obras, "abalaram a saúde da empresa".
Além de problemas relacionados aos projetos, o grupo cita outros 14 fatores que causaram o desequilíbrio. O excesso de aditivos, por exemplo, que teria obrigado as empresas a "a executarem serviços não previstos quando da contratação".
O atraso nos pagamentos das medições também foi mencionado. "(...) Um desses atrasos perdurou por quase 10 (dez) meses, e, assim mesmo, as obras não foram paralisadas, fato que gerou a inadimplência do grupo de encargos fiscais e previdenciários, que impediram o recebimento de recursos por serviços já prestados por conta das certidões positivas de débito", afirma.
A Engeglobal também cita a "falta de mão de obra qualificada e a supervalorização daquela disponível" como agravante.
"Assim, o Grupo Econômico chegou ao ponto de canalizar todos os recursos que as empresas tinham disponíveis exclusivamente para pagamento da folha de funcionários".
O conjunto de fatos negativos, segundo o grupo, encareceu as obras em 25% sobre o valor inicial orçado.
"[A situação] fez com que o Grupo buscasse capital de giro com empréstimo bancários de mais de R$ 45.000.000,00 (quarenta e cinco milhões), oferendo garantias reais próprias dos sócios, e financiamentos diretos com pessoas físicas e fornecedores de máquinas e equipamentos".
No pedido, o grupo lembra que gerou, nos últimos dez anos, mais de 8,5 mil empregos diretos, quatro mil terceirizados e 25,5 mil indiretos.
"Destarte, inobstante a crise momentânea que atravessam, em virtude das margens operacionais dos seus negócios, bem como pela qualidade e quantidade de seus ativos, não restam dúvidas acerca de sua viabilidade e capacidade de soerguimento, bastando, para tanto, que as dívidas negociadas em curto prazo sejam alongadas, ou ao menos suspensas pelo período necessário à implementação das estratégias de liquidez que serão oportunamente detalhadas no plano de recuperação judicial".
Confira a lista de credores:
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