THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
A sargento da Polícia Militar Andréia Pereira Cardoso, que atuou nas interceptações clandestinas comandadas por policiais militares, está depondo agora à tarde ao juiz Murilo Moura Mesquita, da 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar da Comarca de Cuiabá, na ação penal sobre o caso.
A audiências da ação investiga a conduta de policiais militares começaram nesta sexta-feira (9), após o magistrado levantar o sigilo dos autos.
Ela revelou que, diante da repercussão que o caso teve, temeu pela própria vida. "Diante da repercussão que teve na imprensa, meu nome foi divulgado, eu temi pela minha vida sim", afirmou, ao ser questionada pelo juiz.
Em seu depoimento, ela garantiu que, em nenhum momento, desconfiou que as interceptações pudessem ser criminosas, ou seja, sem o embasamento do Judiciário.
São réus do esquema o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa; os coronéis Evandro Alexandre Lesco e Ronelson Barros, ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar, respectivamente; o coronel Januário Batista; e o cabo Gérson Correa Júnior. Dos cinco, apenas Zaqueu e Gérson continuam presos.
A policial militar contou que começou a trabalhar nas escutas, que funcionavam em um escritório na região central de Cuiabá, no início 2014, ficando no posto até julho de 2015.
Ela revelou que seu papel era ouvir as conversas, transcrevê-las e entregar o conteúdo ao cabo Gerson. “Os trabalhos lá no escritório foi até julho de 2015 mas depois continuou por 40 dias na minha casa”, afirmou. Ela também contou que, em nenhum momento, teve acesso às decisões judiciais e que apenas recebia uma lista com os nomes de quem estava sendo grampeado.
“Em nenhum momento desconfiei que eram escutas ilegais, afirmou. “Por ter sido um trabalho designado pelo comandante Zaqueu, nunca imaginei que fosse irregular”.
A sargento afirmou ainda que, depois quando passou a ouvir as gravações de sua casa, o fazia através de um aplicativo de celular, instalado pelo cabo Euclides Torezan, que também foi citado nas investigações.
Barros diz que Sentinela não poderia aparecer, diz cabo (atualizada às 15 horas)
O cabo da Polícia Militar Euclides Torezan, que chegou a ser preso pelo caso dos grampos clandestinos operado por policiais militares em Mato Grosso, também prestou depoimento.
Ele disse que, logo após o caso vir à tona, foi procurado pelo coronel Ronelson Barros, ex-secretário adjunto da Casa Militar.
“Em uma sexta eu fui procurado pelo coronel Barros após a divulgação do escandalo na mídia. Ele disse que eu ia ser chamado a prestar esclarecimentos já que meu nome havia sido citado pela sargento Andrea”, relatou.
“O Barros disse que o sistema Sentinela não poderia aparecer, afirmou o policial.
Torezan havia sido citado no depoimento espontâneo da sargento Andrea Cardoso prestado à Corregedoria da corporação. Ela confessou ter trabalhado na central de escutas telefônicas montada pelo Núcleo de Inteligência da PM num apartamento no Centro da capital sob a justificativa de investigar tráfico de drogas com envolvimento de policiais da instituição.
Torezan reclamou que teve o nome "jogado no lixo", mesmo ele não tendo conhecimento de qualquer irregularidade. "Meu interesse era apenas e extremamente desenvolver o sistema para vender e me desligar da PM", afirmou.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.