CECÍLIA NOBRE
Da Redação
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) adiou a conclusão da sindicância do juiz Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, que aconteceria na quinta-feira (25). Segundo a assessoria do TJ, o adiamento aconteceu devido a ausência justificada de um dos desembargadores.
Em nota, o TJMT afirmou que uma nova sessão será realizada, “de forma extraordinária”, entretanto, ainda não há data prevista para a mesma.
No mês de outubro de 2023, a Corregedoria-Geral da Justiça determinou a abertura da sindicância contra Perri. As informações do caso também foram encaminhadas ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, em abril deste ano, instaurou uma reclamação disciplinar por “suposta conduta temerária e recorrente na condução de processos sob sua responsabilidade”.
De acordo com o CNJ, a irregularidade foi constatada durante uma inspeção ordinária realizada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), de 18 a 20 de março deste ano.
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Em visita à unidade, a equipe de inspeção da Corregedoria Nacional de Justiça apurou diversas irregularidades, também constatadas na correição ordinária realizada pela Corregedoria-Geral de Justiça local. Na Vara, foram identificadas inúmeras remarcações injustificadas de audiências, o que ocasionou a paralisação de processos.
A inspeção constatou ainda que o descontrole das audiências tem acarretado demora na conclusão da instrução das ações penais que tramitam na unidade e versam sobre crimes extremamente graves, inclusive dolosos contra a vida.
Relembre o caso
Em setembro de 2023, durante uma audiência de instrução, a mãe, cujo filho foi assassinado, foi questionada se estava confortável em prestar depoimento na frente do réu, ao que ela respondeu que estava tudo bem, pois ele “não era ninguém pra ela".
Logo em seguida, o advogado do assassino pediu respeito, momento em que Perri começa a repreender a mãe, exigindo “ inteligência emocional”. A defesa da mãe pediu ao juiz que deixasse a mulher realizar o depoimento, mas o magistrado negou e encerrou a audiência.
Assim que a sessão foi encerrada, a mãe se levantou e jogou um copo plástico que ela segurava, momento em que olhou para o acusado e disse que ele poderia escapar da Justiça dos homens, “mas da Justiça de Deus não escapa”. Nesse momento, Perri deu voz de prisão contra ela.
De acordo com a promotora a frente do caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, na ata da audiência, o Perri disse que a mãe do jovem assassinado teria quebrado um bebedouro, no momento que jogou o copo, danificando um patrimônio público, o que para ela é impossível, visto que um copo de plástico não consegue sequer danificar um bebedouro. Além disso, na ata também constava que a mulher havia xingado o magistrado, entretanto, isso não ficou comprovado.
A mãe do jovem assassinado ficou no fórum por mais de quatro horas, após receber voz de prisão, sendo levada para a delegacia, onde prestou depoimento. No local, o delegado considerou que não haviam provas das alegações, por isso não lavrou a prisão em flagrante.
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