ANGELA JORDÃO
Da Redação
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, manteve o bloqueio de bens de Fernando Silva Cruz, empresário acusado de liderar uma organização criminosa que aplicava golpes contra idosos em Cuiabá. O esquema foi desbaratado pela Operação Antenados em agosto de 2024. Estima-se que o prejuízo causado às vítimas ultrapasse o valor de R$ 1,5 milhão.
Além de ter os bens bloqueados, Fernando está detido na Penitenciária Central do Estado (PCE). O magistrado também negou a devolução de celulares, notebooks e eletrônicos apreendidos durante o cumprimento dos e mandados de busca e apreensão durante a operação, apontando que os bens permanecem de interesse direto para a investigação.
Investigações da Polícia Civil apontam que, com o dinheiro dos golpes, os investigados na operação adquiriram bens de alto valor, como um Jeep Comander, imóveis e joias. Eles ainda ostentavam, nas redes sociais, uma vida de luxo.
A defesa de Fernando alega que os bens foram adquiridos licitamente, antes do período investigado e não possuem relação com os crimes, bem como que as medidas constritivas ultrapassaram o prazo legal sem a devida revisão e a falta justificativa concreta sua manutenção viola os princípios da duração razoável do processo e a dignidade humana. Sustenta, ainda, que a manutenção das medidas ora impugnadas é desproporcional, causando prejuízos à dignidade e subsistência do acusado, mormente porque o bloqueio total dos ativos financeiros é excessivo, razão pela qual requer a devolução dos bens ou sua entrega à esposa, como fiel depositária e a revogação do bloqueio judicial.
Jean Garcia de Freitas acatou a recomendação do Ministério Público para a devolução de outros bens, como o Jeep Comander e outro veículo da marca Chevrolet, "pois robustos elementos que indicam a vinculação direta ou indireta com os crimes investigados".
Operação Antenados
Fernando Cruz, dono da empresa Líder Copos, é apontado como principal operador de um esquema que aplicou golpes de mais de R$ 1,5 milhão em 30 aposentados em Cuiabá. Ele foi preso na Operação Antenados em sua residência, num condomínio fechado na região do Osmar Cabral.
Fernando é proprietário de uma empresa especializada na personalização de copos localizada na Avenida Mato Grosso, região central da Capital. Porém, a Polícia Civil descobriu uma "atividade paralela", que vinha gerando ganhos maiores e ostentação nas redes sociais.
Imagens de câmeras de segurança mostram a atuação da quadrilha. Eles usavam um programa do Governo Federal, denominado Siga Antenado, para irem as casas dos idosos e obterem seus dados. Com documentos e fotos das vítimas em mãos, eles contraíam empréstimos bancários em nome das vítimas, que, além de 'não ver a cor do dinheiro', tinham parte de suas aposentadorias descontadas para pagar a dívida contraída pelos golpistas. Somente em Cuiabá, foram identificadas 30 vítimas, todas idosas entre 60 e 75 anos, que foram abordadas pelos suspeitos em suas residências.
O escritório de golpes era sediado em uma empresa localizada na Avenida Mato Grosso, em Cuiabá, pertencente ao líder da organização criminosa. Além de Fernando, outras seis pessoas foram presas.
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