LUCAS RODRIGUES E ANDRÉ FAUST
DA REDAÇÃO
O empresário Rodrigo Santiago Frisson, proprietário da Canal Livre Comércio e Serviços Ltda, afirmou que não sabia da origem ilícita do depósito de R$ 240 mil que recebeu do advogado Joaquim Mielli Camargo - delator da 1ª fase da Operação Ventríloquo.
Frisson está prestando depoimento no Fórum de Cuiabá à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado. A ação penal derivada da operação apura suposto esquema que teria desviado R$ 9,4 milhões da Assembleia Legislativa, em 2014, por meio do pagamento indevido de uma dívida do órgão com o banco HSBC (atual Bradesco) a Joaquim Mielli, então advogado do banco.
Já emprestei dinheiro para o Romoaldo, mas ele não pagou
Em sua oitiva, ele justificou que o depósito recebido por sua empresa era referente ao pagamento de uma dívida contraída pelo ex-assessor do deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB), Francisvaldo Pacheco. O empresário disse que chegou a emprestar dinheiro - em valor não especificado - ao próprio Romoaldo.
"Já emprestei dinheiro para o Romoaldo, mas ele não pagou", contou.
O ex-assessor Francisvaldo Pacheco chegou a ser preso pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), no ano passado, durante a 2ª fase da operação, mas foi posteriormente solto. Segundo a denúncia, Francisvaldo teria recebido R$ 301,9 mil do esquema, tendo usado parte do dinheiro para pagar o empréstimo com Frisson.
"Na época eu conhecia o Francisvaldo como empresário do ramo artístico. Ele agencia uma dupla sertaneja e na época ele comentou sobre os negócios dele e que precisava de uma certa importância em dinheiro para dar continuidade a esses negócios", disse o empresário.
O Francisvaldo me ligou pedindo onde depositar o dinheiro da dívida
Conforme Frisson, o empréstimo foi feito por meio do depósito "em contas que ele [Francisvaldo] indicou".
"O Francisvaldo me ligou pedindo onde depositar o dinheiro da dívida".
O empresário explicou que nenhum valor referente ao empréstimo foi depositado direto na conta do ex-assessor.
"Dessas transferências lembro apenas que uma foi feita para uma pessoa física de sobrenome Toledo e outro para pessoa jurídica.Foi depositado R$ 100 mil na conta de Ana Ferrari [ ex-funcionária do deputado Giolmar Fabris]".
Frisson afirmou que, antes da operação ser deflagrada, em 2015, não sabia a origem do dinheiro que recebeu em sua empresa a título de pagamento do empréstimo.
Os valores foram depositados por Joaquim Mielli, que confessou ser o responsável por partilhar o valor desviado por meio do depósito em contas indicadas pelos membros da organização criminosa.
"Só descobri que os depósitos que entraram em minha conta vieram do MielLi quando deflagraram a operação".
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