JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
O juiz Marcos Faleiros, da Vara Contra o Crime Organizado de Cuiabá, condenou o ex-governador Silval Barbosa, o ex-deputado estadual José Riva e mais 13 pessoas na ação penal resultante da Operação Sodoma 2 e 3, que investigou esquemas envolvendo a cobrança de propina a empresários em troca da concessão de contratos com o Estado.
Também foram condenados o ex-prefeito cassado de Várzea Grande, Wallace Guimarães, o, ex-secretário da Sefaz Pedro Nadaf, o servidor Bruno Sampaio Saldanha, o ex-procurador do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o empresário Antônio Roni de Liz, o empresário Evandro Gustavo Pontes da Silva, o ex-secretário César Roberto Zílio, o ex-chefe de gabinete Silvio Cezar Correa da Silva, o ex-secretário Pedro Elias Domingos de Mello, ex-secretário adjunto José de Jesus Nunes Cordeiro, o lobista Tiago Vieira de Souza Dorileo, o filho do ex-governador silval, Rodrigo da Cunha Barbosa e o empresário Abio Drumond Formiga.
A decisão é desta quarta-feira (10), e conforme os autos do processo Silval Barbosa teve a pena deliberada em 14 anos e dois meses de detenção em “regime diferenciado”, por ter feito delação premiada.
Desta forma o ex-governador cumprirá três anos e seis meses em regime domiciliar diferenciado, com tornozeleira eletrônica, sendo que seria descontado desde tempo os quase dois anos que já ficou preso no Centro de Custódia da Capital.
Durante outros dois anos e seis meses, o ex-governador ficaria preso em regime semiaberto, com tornozeleira, ficando proibido de sair de casa das 22h às 6h.
No restante da pena, o regime de cumprimento seria o aberto, sem tornozeleira, devendo apenas “comparecer mensalmente ao juízo da execução para justificar as atividades e endereço”.
Além disso, durante todo o cumprimento, Silval poderá pedir a redução da pena pelos dias trabalhados.
Já o ex-deputado José Riva foi condenado a 13 anos e quatro meses de reclusão, que será cumprida incialmente em regime fechado. Da detenção ao aberto, acontecerá ao pagamento de 400 dias-multa. Ele irá aguardar em liberadade o trânsito da sentença.
Para os demais acusados as penas chegam a quase 12 anos para cada um.
Sodoma 2 e 3
Segundo a denúncia, o grupo era dividido em várias ramificações, e cada uma delas possuía graus hierárquicos. Silval Barbosa é apontado como o líder da organização, "responsável por articular e coordenar as ações dos demais integrantes".
O grupo atuaria exigindo pagamento de propina para conceder incentivos fiscais e para manter contratos de empresas com o Governo do Estado.
Na divisão secundária figuram os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Cézar Zílio e Pedro Elias; o ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Correa Araújo; o ex-procurador do Estado Chico Lima; a ex-secretária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cintra; e o filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo Barbosa.
“Os indícios apontam que a organização criminosa atuou de forma perene durante toda a gestão de Silval Barbosa, provocando prejuízo a toda a população mato-grossense, que até hoje arca com as consequências das ações criminosas de seus membros, frente ao sucateamento da máquina administrativa, ausência de investimento em infraestrutura, na saúde, segurança e educação pública, etc”, diz trecho da denúncia.
Já o ex-deputado José Riva foi denunciado após o depoimento do empresário Paulo Mischur, da empresa Consignum, alvo da 2ª fase da Sodoma.
Mischur relatou que pagou R$ 17,6 milhões ao grupo liderado por Silval e a José Riva para manter o contrato que tinha com o Estado.
O ajuste da propina, conforme a ação, teria sido feito com a ajuda do empresário Tiago Dorileo, que também é alvo da Operação Ararath.
O grupo também teria exigido R$ 1 milhão do ex-funcionário da empresa Zetra Soft, Fábio Drumond, para que a empresa passasse a gerenciar os empréstimos consignados dos servidores – tarefa então feita pela Consignum.
A tratativa, no entanto, acabou não sendo efetivada e o contrato – assim como as supostas propinas pagas para mantê-lo – continuou com a empresa de Mischur.
Também foi denunciado o servidor Bruno Sampaio Saldanha, que atualmente está no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Ele teria exigido propina para fazer “vistas grossas” ao contrato do empresário Julio Tisuji, da empresa Webtech, que também confessou ter pago valores ao grupo.
Quanto ao prefeito cassado de Várzea Grande, Walace Guimarães, consta na denúncia que ele ofereceu R$ 1 milhão, em 2012, ao então secretário de Administração, César Zílio, para que o poder público pagasse valores a gráficas – por serviços inexistentes ou incompletos - no intuito de levantar dinheiro para pagar custos de campanha.
Entre as gráficas estavam as de propriedade dos empresários Antonio Roni de Luz e Evandro Gustavo Pontes da Silva, igualmente denunciados.
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