MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O grupo liderado pelo ex-coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) Jussielson Gonçalves Silva teria feito ameaças a indígenas e pecuaristas em meio às tratativas para arrendamento ilegal na Terra Indígena Marãiwatsédé. De acordo com a Polícia Federal, Jussielson e outros dois militares da reserva ligados a ele andavam com armas "de forma ostensiva".
As informações constam em relatório da PF em meio às investigações da Operação Res Capta. A PF interceptou ligações telefônicas e conversas no Whatsapp que indicam o modus operandi adotado por Jussielson, que é militar da reserva, pelo policial militar da reserva do Amazonas Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza e pelo ex-policial militar do Amazonas Enoque Bento de Souza.
Max e Enoque atuavam como apoio de Jussielson, mas não eram servidores da Funai. Já Jussielson era responsável pelo escritório do órgão em Ribeirão Cascalheira. Ele foi exonerado em 25 de março, depois de ser preso na operação da PF.
Leia mais:
15 pecuaristas ricos ocupam terra indígena alvo de Operação Res Capta
Presidente da Funai protegeu servidor de Mato Grosso investigado, diz PF
Em meio às investigações, os policiais federais interceptaram uma ligaçao entre Jussielson e o presidente da Funai, Marcelo Xavier, na qual Xavier dá apoio ao então coordenador regional do órgão. A ligação foi revelada pelo jornal O Globo.
Reprodução
Diálogo interceptado pela PF indica que grupo de coordenador da Funai fazia ameaças
Em 3 de março, a PF ouviu uma ligação entre o cacique xavante Damião Paridzané, principal liderança de Marãiwatsédé, e um pecuarista que arrendava parte da terra indígena ilegalmente.
Para a PF, Damião e o homem não identificado "comentam sobre algumas mensagens veiculadas em grupos de WhatsApp, cujo conteúdo se aproxima de ameaça".
"Pelo contexto, é possível inferir que o conteúdo desagrada a dupla, bem como as supostas ameaças teriam partido de Jussielson ou Max. Observa-se, ainda, que cacique Damião usa o termo 'filho da puta' ao se referir ao autor das mensagens, o que pode demonstrar seu descontentamento com a postura dos representantes da Funai", afirma trecho do relatório.
Na conversa, o pecuarista diz que estão "botando" umas "notícias feias" no grupo de mensagens. "Umas... tipo uma ameaça, sei lá. Tem que ir devagar pra ver o quê eles querem, né", afirma.
"Acho que tava bêbado... eu tô achando isso. Isso aí não que o cara pode falar que tá normal. Veio para... só pra ameaçar, né? Ameaçar. Ameaçando todos nós, né?", diz o cacique no diálogo.
Dois dias depois, em 5 de março, uma nova ligação de Damião é interceptada, com outro homem não identificado. Há reclamação do uso de armas por parte dos representantes da Funai, e também comentários sobre a possibilidade de cobrar do Ministério Público Federal (MPF) a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para legalizar a situação dos pecuaristas dentro de Marãiwatsédé.
"Quanto a esses pontos do diálogo, é possível depreender que, de fato, Jussielson, Max e Enoque portam armas de forma ostensiva usualmente. Destaca-se que Enoque não poderia portar arma alguma, uma vez que foi expulso da Polícia Militar do Amazonas por ter sido condenado criminalmente. Além disso, reforça-se a tese quanto ao conhecimento de todos (indígenas, arrendatários e Funai) sobre a ilegalidade da situação e, por parte da Funai, a inércia para a solução da questão e reestabelecimento da legalidade", afirma a Polícia Federal.
Reprodução
Conversa entre o cacique Damião Paridzané e um pecuarista mostra que Jussielson, Max e Enoque andavam armados nas reuniões feitas sobre a TI
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.
Júnior 19/09/2022
Meu pai nunca falou (trem) igual o povo daqui .. Jamais ele usou essa linguagem.. Tudo mentira
1 comentários