ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
O ex-secretário da Casa Civil de Mato Grosso, Eumar Novacki, é o advogado de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Torres é um dos denunciados na ação penal junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Nessa terça-feira (25/03), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a analisar se aceita a denúncia feita pela Procuradoria Geral da República (PGR). O ex-secretário deve realizar a sustentação oral durante o julgamento.
Coronel reformado da Polícia Militar, Eumar Novacki ganhou projeção na carreira, em Mato Grosso, durante o governo Blairo Maggi (2003 a 2010), de quem foi assessor até chegar a coronel.
Também foi assessor de Maggi no Senado e acompanhou o ex-governador quando ele assumiu o cargo de ministro da Agricultura, onde foi secretário-executivo do Ministério (2016 a 2018). Ele chegou a assumir o ministério interinamente.
Em 2019, assumiu como chefe da Casa Civil do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), com Anderson Torres também no governo de Ibaneis como secretrário de Segurança Pública. Torres deixou a pasta no DF para assumir como ministro da Justiça e Segurança Pública no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Novacki é amigo de Torres e assumiu a defesa do ex-ministro da Justiça logo após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, Torres havia retornado à Secretaria de Segurança Pública do DF, pasta responsável pelo policiamento da Praça dos Três Poderes.
Bacharel em Direito (2002), com Pós-Graduação em Gestão Estratégica, Aperfeiçoamento em Direto Público e Mestre em Administração Pública (2018). Novacki nasceu em Cascavel (PR), em 1976. Aos cinco anos veio morar com a família em Cuiabá (MT). Entrou no Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em 1993, onde formou-se em primeiro lugar.
Após se aposentar das funções na PMMT, com posto de coronel e deixar as funções políticas no governo do Distrito Federal, estabeleceu escritório de advocacia na capital do Brasil em sociedade com Ricardo Peres.
Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro é, segundo a denúncia da PGR, parte do núcleo "crucial" da tentativa o golpe, junto com outras sete pessoas, entre elas o próprio Bolsonaro. Era considerado um dos maiores aliados do ex-presidente. Foi na casa de Torres que a Polícia Federal encontrou uma das versões da chamada “minuta do golpe”, documento que tinha como objetivo anular as eleições de 2022.
Ele replicou narrativas sobre a suposta fraude nas urnas divulgada em transmissão ao vivo, de julho de 2021, "distorcendo informações e sugestões recebidas da PFl". Ainda segundo a denúncia, também atuou para implementar o plano para viabilizar os bloqueios da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em estados do Nordeste, para evitar que eleitores favoráveis a Lula chegassem às urnas.
Logo após deixar o Governo Federal em 2023, retornou ao governo do DF para assumir novamente a Secretaria de Segurança, mas foi exonerado ainda em janeiro após os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes. Torres foi preso em 14 de janeiro de 2023, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Quatro meses depois, ele foi solto e, desde então, é monitorado por tornozeleira eletrônica.
A denúncia da PGR aponta que a organização criminosa, que tentou o golpe, é acusada dos crimes: golpe de Estado; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; organização criminosa armada; dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
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