ALLAN PEREIRA
Da Redação
O gerente designado pela Justiça para cuidar das 11 fazendas do pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, investigado por desmate químico em áreas que totalizam 81 mil hectares no Pantanal Mato-grossense, ainda não foi para as propriedades para administrá-las.
A informação foi revelada pelo deputado estadual Wilson Santos (PSD), que visitou a área destruída junto com o colega parlamentar Carlos Avallone (PSDB), nesta terça-feira (24).
"Perguntamos [ao capataz das fazendas] se ele [gerente judicial] tinha chegado. Ele não chegou, mas o Claudinei não pôs os pés na fazenda. Faz semanas que ele desapareceu porque sabe que já houve a nomeação de um gerente assumir em nome da Justiça", declarou Wilson à imprensa nesta quarta-feira (24).
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De acordo com a Polícia Civil, Claudecy é suspeito de causar a morte de árvores de diversas espécies em onze fazendas de sua propriedade em Barão de Melgaço, na parte norte do Pantanal mato-grossense.
As investigações da polícia apontam que foram usados, de forma irregular e reiterada, 25 tipos de agrotóxicos em área de vegetação nativa. Entre os agentes químicos usados, está 2,4-D, conhecido como agente laranja, que foi usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. O composto químico é altamente tóxico para o ser humano.
Durante a deflagração da Operação Cordilheira, policiais civis da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) multaram o pecuarista em um valor de mais de R$ 2,8 bilhões e confiscaram as propriedades. A Justiça designou uma espécie de tutor, um gerente, para cuidar das fazendas enquanto a investigação e a futura ação judicial pelos crimes ambientais. A medida busca garantir o pagamento do dano.
Na visita, Wilson afirmou que foi muito mais chocante ver presencialmente as imagens da destruição causada pelo pecuarista. As imagens da extensão da destruição causada pelo desmate químico foram mostradas em reportagem do programa Fantástico do dia 14 de abril.
"A imagem que vislumbramos pessoalmente in loco são muito agressivas, graves e impactam muito mais do que foi apresentado pelo programa Fantástico. É um verdadeiro cemitério de árvores. É um crime hediondo, provavelmente o maior crime ambiental das últimas décadas no país. Não sei quantos anos o ambiente vai necessitar para recuperar", disse.
O deputado também disse que vai pedir informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) para verificar possível contaminação do gado e dos corpos hídricos, já que próximo das fazendas estão o rio Cuiabá e a cidade de Barão de Melgaço.
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