MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O senador licenciado e ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), teve um entrevero com o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da qual Salles é relator. Fávaro foi convocado e prestou esclarecimentos nesta quinta-feira (17).
Fávaro fez uma fala irônica citando o episódio em que Salles, enquanto ministro do Meio Ambiente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendeu "passar a boiada" para desmontar a proteção ambiental. O ministro defendia os produtores "que fazem a coisa certa", citando produtores de soja, milho e algodão com certificação internacional.
Salles havia citado o depoimento do líder do MST, João Pedro Stédile, que esteve na CPI nesta semana também. Stédile afirmou que parte do agronegócio "vai para o céu", mas uma parcela do setor "é burra", "só pensa do lucro fácil" e está "com os dias contados".
Leia mais:
Acusado de invadir terras, Cattani depõe na CPI do MST na quarta
"Todos aqueles, e deve ser isso que ele disse aqui, é a esse que ele se referiu que faz as coisas certas. E geram emprego, oportunidade, devem continuar assim e ser exemplo para todos os outros. Agora, aqueles que querem transgredir, desmatar ilegalmente, passar a boiada, botar fogo, queimar, tem que ser punido nos rigores da lei, pronto e acabou", disse Fávaro.
Houve movimentação na comissão e Ricardo Salles pegou um microfone em separado, visivelmente incomodado com a declaração do ministro mato-grossense.
"Já é a segunda vez que eu escuto o senhor usar esse termo 'passar a boiada, passar a boiada'. Eu não tenho vergonha nenhuma de ter dito isso. Primeiro porque sou muito amigo da pecuária, acho que passar a boiada é algo muito positivo. Segundo que o senhor quando era senador cansou de ir no meu 'ministério da boiada' fazer defesa de produtores rurais do seu Estado e pedir favores para o seu Estado. Não foi só no meu ministério, foi em vários outros, está cheio de vídeo seu aqui falando do governo do Bolsonaro. É sua prerrogativa e está correto. O que me espanta é o senhor ter feito campanha usando a imagem do Bolsonaro e depois vindo ser ministro do PT", atacou Salles.
O deputado ainda insistiu, em meio a bate-boca com outros parlamentares, que Fávaro "usou a imagem do Bolsonaro para se eleger e foi ser ministro do Lula por ordem do Blairo Maggi". Na sessão, Carlos Fávaro confessou ter Blairo (PP) e o primo Eraí Maggi como padrinhos políticos.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.