ALLAN PEREIRA, LÁZARO THOR E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro conseguia interceptar investigações, relatórios e ofícios dos Ministérios Públicos Estadual e Federal sobre o jogo do bicho, além de conseguir com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) um relatório de investigação sobre ele próprio.
É o que apontam os documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) nas factorings e na casa do ex-bicheiro, durante a deflagração da Operação Arca de Noé, no ano de 2004.
Leia mais:
Arcanjo emprestava dinheiro e fazia parcerias com prefeituras; veja lista
Dívida total de devedores de Arcanjo é de R$311 milhões
Membro da Odebrecht tem dívida de R$ 230 mil com Arcanjo
De acordo com os documentos, Arcanjo conseguiu ter acesso a ofícios e requerimentos enviados pelo Ministério Público Estadual à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública sobre a relação dos locais de pontos de jogos do bicho sob seu comando.
Os requerimentos do MP, à época, buscavam cobrar do Governo medidas de combate ao jogo do bicho.
Um documento do Ministério Público Federal, com o mesmo teor de recomendação ao Governo para combater o jogo do bicho no Estado, também foi encontrado durante as apreensões.
Entre os documentos apreendidos, há uma correspondência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) endereçada a Arcanjo, de junho de 2001.
Junto com a correspondência, estava uma certidão contendo dados relativos à sua pessoa e uma possível cópia de uma investigação da Abin contra ele.
A reportagem do MidaJur apurou junto com fontes que a Abin não fornece documentos ou certidões para pessoas civis de forma oficial ou sob requerimento - o que pode indicar que Arcanjo tenha conseguido esses papéis de forma extraoficial.
A documentação apreendida pela PF na Operação Arca de Noé, em 2004, veio à tona somente agora o relatório de apreensão foi obtido em primeira mão pelo Midiajur.
Os documentos incluem, por exemplo, a lista de devedores de Arcanjo e o valor dos créditos que ele tinha a receber dessas pessoas na época da apreensão dos documentos.
O valor total dos créditos era de mais de R$ 71,2 milhões em 2004, mas quando aplicada a atualização inflacionária do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) da Fundação de Getúlio Vargas (FGV), esse montante equivaleria a mais de R$ 311,5 milhões nos dias de hoje.
Além disso, os documentos mostram relações comerciais mantidas por ele com prefeituras de Mato Grosso, incluindo a prefeitura de Cuiabá.
O homem, que foi conhecido como a maior liderança do crime organizado em Mato Grosso, chefiava o jogo do bicho no estado e era dono de empresas como Confiança Factoring, One Factoring Fomento Mercantil Ltda, Tangará Factoring Fomento Mercantil Ltda. e outras com braços no interior do Estado.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.