ALLAN PEREIRA, LÁZARO THOR E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Documentos apreendidos pela Polícia Federal no Hangar Colibri, localizado no Aeroporto Marechal Rondon em Várzea Grande, mostram que o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro tinha trânsito fácil para viajar para fora do Brasil.
A documentação localizada nas factorings, na casa e nos demais estabelecimentos comerciais do ex-bicheiro foram apreendidos pela PF em 2004 durante a deflagração da Operação Arca de Noé. O Midiajur teve acesso a lista de toda documenta apreendida com Arcanjo.
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Entre as pastas e envelopes recolhidos pelos federais estão documentações, informativos, planos e relatórios de voos para os mais diversos destinos, cobranças tarifárias do Governo Federal, movimentação financeira entre os anos 1997 e 2022, mapas, agenda com telefones, dinheiro em moeda estrangeira, além de outros pápéis.
Os documentos apreendidos pela PF mostram que um dos planos de voos era para a Ilha Margarita, localizada na região do caribe da Venezuela.
Também foi encontrado extratos de cartão de crédito da American Express, que é uma das maiores instituições financeiras para crédito do planeta.
Há documentos e papéis para seguro da aeronave Cessna Aircraft, avaliada em R$ 2,9 milhões até 2018, sendo que foi apreendido durante a operação e leiolada nesse mesmo ano pela Justiça Federal.
Além disso, foi localizada uma cardeneta de voos de avião e helicoptero em nome do piloto Fernando de Matos Cardoso, que trabalhava para Arcanjo.
Movimentação internacional
Os negócios e operações financeiras de Arcanjo não se restringiam apenas a Mato Grosso, mas se estendia até pelo país afora.
Arcanjo tinha a cidadania uruguaia e possuía uma off-shore no país, chamada Aveyron S.A. e administrada também pela esposa do ex-bicheiro, Sílvia Chirata; pelo contador Luiz Alberto Dondo Gonçalves e pelo então administrador das empresas do bicheiro, Nilson Roberto Teixeira.
O ex-bicheiro e os demais usavam essas empresas para lavagem do dinheiro "arrecadado" com o crime organizado em Mato Grosso.
De acordo com a deúncia do Ministério Público Federal (MPF), os quatro conectavam suas atividades financeiras nacionais a uma poderosa estrutura internacional para a manutenção de depósitos de valores no exterior e posterior internalização no Brasil, de forma que o dinheiro ilícito era subsequentemente injetado no mercado nacional, onde, sob nova "roupagem", obtinha o devido trânsito junto ao sistema financeiro num ciclo virtuoso e "retro-alimentante".
Arcanjo chegou a ser condenado a 8 anos e 4 meses de prisão por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional ao realizar empréstimos falsos com uso de bancos e empresas internacionais em um total de R$ 3,2 milhões.
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