DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO
O ministro Geraldo Og Fernandes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou recurso interposto pela defesa do deputado estadual José Riva (PSD) e suspendeu a condenação que o tirou da presidência da Assembleia Legislativa.
O deputado foi afastado, em maio de 2013, pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Riva alegou que o próprio STJ entende pela impossibilidade de aplicar o afastamento “após o encerramento da instrução processual e sem qualquer motivação na necessidade ou na malversação da colheita de provas”.
Ele citou o julgamento do ministro Teori Albino Zavascki que confirmou a necessidade de afastamento apenas para o caso de proteção a instrução processual.
Além disso, alegou que seu julgamento deveria ser revogado com urgência “em razão da proximidade do termino do mandato de presidente da Assembleia (31/12/2014)”.
Para o ministro Og Fernandes, não se pode autorizar afastamento de Riva com o proposito de evitar que ele cometesse novos atos de improbidade administrativa.
“Também a jurisprudência deste Superior Tribunal é taxativa no sentido de admitir o afastamento cautelar do agente público somente quando este, no exercício de suas funções, por em risco a instrução processual, não sendo lícito invocar a relevância ou posição do cargo para a imposição da medida”, diz em trecho da decisão.
“Ante o exposto, reconsidero, em parte, a decisão agravada para, nesta extensão, deferir, parcialmente, a liminar requestada, a fim de suspender a determinação de afastamento do deputado José Geraldo Riva de suas funções administrativas até nova deliberação por este relator”, concluiu.
No TSE
O advogado Valber Melo afirmou que, com a decisão favorável, a expectativa é que outras três condenações contra o deputado, por improbidade administrativa, possam ser revertidas.
Melo afirmou que a decisão do STJ será protocolada ainda hoje (26) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para ele, a suspensão da condenação pode ajudar a reverter a impugnação da candidatura de Riva ao Governo do Estado.
Por cinco a votos a zero, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) barrou o candidato, no início deste mês, por considerá-lo "ficha suja".
Acusação
Riva é acusado dos crimes de improbidade administrativa e desvio de cerca de R$ 2,6 milhões dos cofres públicos.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), Riva e o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Humberto Bosaipo, teriam participado de um suposto esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, que consistiria na emissão de cheques da Assembleia para empresas fantasmas.
Conforme a denúncia, em 2001 o Poder Legislativo teria emitido 48 cheques à Sereia Publicidade e Eventos Ltda., num montante de R$ 2.650.921,20.
Pelo menos, 26 cheques foram descontados diretamente no caixa, numa agência do Banco do Brasil, e outros 22 na Confiança Factoring, que pertencia ao bicheiro João Arcanjo, que está preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Porto Velho (RO).
Os cheques foram descobertos durante a Operação Arca de Noé, deflagrada em dezembro de 2001, pela Polícia Federal.
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