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MEIO AMBIENTE Terça-feira, 07 de Janeiro de 2025, 15:20 - A | A

07 de Janeiro de 2025, 15h:20 - A | A

MEIO AMBIENTE / MAIOR DO PANTANAL

Biólogo detalha curiosidades de reprodução de sucuri que "ejetou" filhotes ao ser atropelada em MT

Bruno Felipe Camera diz que sucuri verde pode gerar até 70 filhotes numa única gestação

ARIELLY BARTH
DA REDAÇÃO



Um vídeo que circulou nas redes sociais nesta segunda-feira (06) chamou a atenção dos mato-grossenses ao mostrar uma sucuri verde atropelada na rodovia MT-358, em Porto dos Gaúchos (a 630 km de Cuiabá). Nas imagens, é possível ver a serpente já sem vida, e, com o impacto do atropelamento, ela expeliu cerca de 40 filhotes. A cena gerou comoção e despertou curiosidade sobre a reprodução da espécie.

Em entrevista ao MídiaJur, o biólogo e pesquisador Dr. Bruno Felipe Camera detalhou o comportamento reprodutivo da sucuri verde e as ameaças à sua conservação.

De acordo com Bruno, a reprodução da espécie ocorre por meio de um processo chamado "bola de reprodução", no qual uma única fêmea entra em contato com vários machos durante um período de até 18 dias. Recentemente, foi descoberto que as sucuris também podem se reproduzir por partenogênese, processo em que a fêmea não necessita da fecundação de um macho para gerar filhotes.

“As sucuris são vivíparas, ou seja, os filhotes se desenvolvem dentro do organismo da mãe e nascem vivos, seguindo sozinhos na natureza”, explicou o pesquisador.

Dependendo de seu tamanho, uma sucuri pode gerar até 70 filhotes, em uma gestação que dura cerca de 7 meses. Durante esse período, a fêmea não se alimenta já que não consegue utilizar sua estratégia de predação, que é por constrição. A serpente se enrola na presa e interrompe a circulação de sangue e o animal sofre uma parada cardiorrespiratória.

“Elas precisam acumular capital energético para conseguirem se reproduzir e se uma sucuri fêmea, ela não acumula energia suficiente entre uma gestação e outra, ela pode pular uma estação reprodutiva e vir a se reproduzir só no próximo ano”, detalhou.

Não incomum que essas serpentes sejam encontradas em ambientes urbanos, Bruno destacou que as sucuris são generalistas e toleram uma ampla gama de condições ambientais, estando presentes desde o norte da América do Sul até a região norte da Argentina. No entanto, ainda são poucos os estudos sobre a espécie no Brasil.

O pesquisador também ressaltou a importância da educação comunitária sobre as sucuris e os encontros ocasionais com esses animais como forma de evitar agressões a esses animais. “Preservar as florestas e os estoques de presas das sucuris resultará em benefícios para todas as espécies”, concluiu.

Veja vídeo da sucuri atropelada na rodovia próximo a Porto dos Gaúchos:

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