MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
A construção de três usinas hidrelétricas no Rio Prata no trecho acima da Cachoeira do Prata, em Juscimeira, teria afetado a qualidade e o volume da água, e a disponibilidade de peixes no trecho da cachoeira. O relato é de Dalete Soares de Souza, liderança de um assentamento da região.
A empresa Usina Elétrica do Prata S/A é dona dos três empreendimentos, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Água Brava e Água Prata, e a Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Água Clara.
As usinas começaram seus processos de licenciamento junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). PCH Água Brava tem autorização para produzir 13 megawatts de potência, parecida com a PCH Água Prata, que obteve licença de 13,3 megawatss de operação da Sema.
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A menor delas é a CGH Água Clara, com 4 megawatts de potência. Os três empreendimentos da Usina Elétrica do Prata S/A estão em Jaciara e Juscimeira, com uso das águas do Rio Prata. Os dados são da Sema e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Dalete falou à reportagem em meio a primeiro Fórum das Unidades de Conservação, organizado pelo Fórum Mato Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad) em 23 de novembro.
A trabalhadora integra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e coordena a associação do assentamento Egídio Brunetto, em Juscimeira. De acordo com a assentada, antes mesmo da construção das usinas havia luta para preservar a Cachoeira do Prata, conhecido ponto turístico e de lazer da região.
A chegada dos assentados seria uma espécie de garantia de que não haveria a construção de usinas que pudessem afetar a área.
A partir desse momento (construção das usinas), altera a cor da água muito, às vezes o fluxo aumenta muito da água, às vezes diminui quase totalmente a cachoeira. E assim, os peixes sumiram de vez. Aqueles lambaris que quando a gente chegava ficava 'fervendo' na água, quando a gente vê um, hoje, é um milagre. Já virou até objeto de exposição quado aparece um, de alegria, que traz para a comunidade
"Porém, eles construíram mais três unidades de PCH acima, no mesmo rio, que é o Prata. Diminuiu o fluxo da água, acredito que começaram a construir em 2016, 2017, as usinas, e diminuiu muito o fluxo da água. Nos finais de semana, eles fizeram um acordo que eles dizem que fizeram com a população, mas não conversou, inclusive nós somos da coordenação do assentamento Egídio Brunetto, estou presidente da associação, então, nunca fomos procurados para falar sobre a questão", lembrou.
Aos finais de semana, a liderança do MST conta que é "cultural" da população local ir até a cachoeira tomar banho e aproveitar o balneário.
Além disso, Dalete registra que "o que a gente quer é preservar a cachoeira do Prata e todos os biomas que tem ali no entorno dessa cachoeira, que não é só a cachoeira".
"A partir desse momento (construção das usinas), altera a cor da água muito, às vezes o fluxo aumenta muito da água, às vezes diminui quase totalmente a cachoeira. E assim, os peixes sumiram de vez. Aqueles lambaris que quando a gente chegava ficava 'fervendo' na água, quando a gente vê um, hoje, é um milagre. Já virou até objeto de exposição quado aparece um, de alegria, que traz para a comunidade", relata.
Ainda de acordo com a liderança local, há épocas em que a água da Cachoeira do Prata fica com aspecto turvo e com mau cheiro, o que ela indica que seria consequência direta da ação das usinas rio acima.
"A gente tem vivido enfrentamentos constantes na questão de preservação, tanto da fauna quanto da flora, e das águas que são do Rio Prata, que atende e abrange a cachoeira, que é linda, maravilhosa e deve ser preservada sempre", defendeu.
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