MIKHAIL FAVALESSA, LÁZARO THOR E ALLAN PEREIRA
Da Redação
Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) revelam que existem 10 requerimentos para garimpo de ouro dentro do traçado do Parque Estadual Cristalino II, no extremo Norte de Mato Grosso. O Tribunal de Justiça, em decisão de dezembro de 2021, determinou a anulação do decreto estadual que criou o parque, em 2001.
Todos os 10 pedidos para exploração de ouro foram protocolados pela Cooperativa de Pequenos Mineradores de Ouro e Pedras Preciosas de Alta Floresta (Cooperalfa).
Todos os pedidos de exploração da Cooperalfa foram feitos em 2022, ou seja, depois que a 2ª Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça anulou o decreto que criou o parque. Os requerimentos são assinados pelo presidente da Cooperalfa, Darcy Winter, junto com o geólogo.
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No total, a cooperativa pede para explorar 75,7 mil hectares na busca por ouro dentro dos contornos do parque. O decreto de criação do parque pretendia proteger uma área de 118 mil hectares do bioma amazônico.
Conforme revelado pelo Midiajur, a decisão que decretou a nulidade do decreto do Cristalino II foi dada a pedido da Sociedade Comercial e Agropecuária Triangulo, empresa como principal sócio Douglas Dalberto Naves. O empresário é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como suposto "laranja" de Antônio José Junqueira Vilela Filho, tido como o maior desmatador da Amazônia brasileira.
Em 10 de junho, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) notificou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para adequar seus bancos de dados de acordo com a decisão judicial, sem a existência do parque.
O primeiro requerimento da Cooperalfa foi protocolado na ANM em 28 de junho, 18 dias depois da notificação da PGE à Sema.
Renato foi assessor técnico da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat) entre outubro de 2019 e setembro de 2021, na gestão de Juliano Jorge Boraczynski, irmão do suplente de deputado estadual Romoaldo Júnior (MDB).
O parlamentar já foi prefeito de Alta Floresta e dono de uma pousada na região do Rio Cristalino. De acordo com o ex-governador Silval Barbosa, em colaboração premiada com a Justiça, uma reforma na pousada que era de Romoaldo foi paga com dinheiro desviado da construção da Arena Pantanal.
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