Sábado, 16 de Novembro de 2024
icon-weather
instagram.png facebook.png twitter.png whatsapp.png
Sábado, 16 de Novembro de 2024
icon-weather
Midia Jur
af7830227a0edd7a60dad3a4db0324ab_2.png

MEIO AMBIENTE Sexta-feira, 19 de Agosto de 2022, 09:09 - A | A

19 de Agosto de 2022, 09h:09 - A | A

MEIO AMBIENTE / RISCO À SAÚDE

Estudo encontra agrotóxicos banidos na Europa na água de comunidades do Pantanal

Pesquisa aponta que o avanço do agronegócio, da mineração e das hidrelétricas coloca o bioma em risco

MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação



Um estudo publicado na última terça-feira (16) encontrou 10 tipos de agrotóxicos nas águas que abastecem comunidades em três cidades do Pantanal mato-grossense. Alguns dos princípios ativos encontrados foram banidos em países da União Europeia, mas são autorizados no Brasil.

No começo de agosto, foi sancionada a lei nº 11861/2022, proposta pelo deputado Carlos Avalone (PSDB) e aprovada na Assembleia Legislativa. O texto permite a utilização de agrotóxicos no Pantanal sem qualquer tipo de limitação.

A pesquisa foi feita pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) em parceria com o Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (Neast) do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFMT.

Leia mais:

Mauro sanciona lei que flexibiliza proteção do Pantanal

Cinco PCHs no Pantanal podem ser beneficiadas com projeto aprovado na AL

Em maio de 2021 foram feitas coletas de águas da chuva, córregos, rios, cachoeiras, poços artesianos, caixas d'água de escolas rurais e tanques de psicultura em quatro comunidades em Poconé, Cáceres e Mirassol D'Oeste.

O estudo é assinado pelas pesquisadoras Franciléia Paula de Castro, Lucinéia Miranda Freitas, Marcia Leopoldina Montanari Corrêa e Naiara Andreoli Bittencourt. Elas traçam um cenário de impactos que vêm sendo causados ao Pantanal pelo agronegócio, pela mineração e pelo avanço de hidrelétricas dentro do bioma e também em suas nascentes no Cerrado.

O documento menciona "o avanço da fronteira agrícola de soja e outros monocultivos, o aumento de denúncias envolvendo deriva de pulverização aérea e terrestre de agrotóxicos, como ocorrido na comunidade quilombola Jejum em Poconé em março de 2021, com intoxicação aguda de 15 pessoas pela poeira tóxica resultante da colheita
de soja na fazenda vizinha a comunidade".

"Observou-se o não cumprimento generalizado no estado do Decreto Estadual do Mato Grosso 1.651/2013, que regulamentou a Lei Estadual 8.588/2006, e que estipula distância mínima de 90 (noventa) metros para aplicação de agrotóxicos de casas, fontes de águas e estradas", apontam.

Reprodução

Água contaminada com agrotóxicos no Pantanal

 Água que abastece comunidades no Pantanal está contaminada com agrotóxicos em Mato Grosso

As amostras foram analisadas pelo Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O estudo detectou um perfil em que 60% dos produtos encontrados eram herbicidas, 20% eram inseticidas e 20% eram fungicidas.

Foram encontrados 10 tipos de agrotóxicos com "alta frequência", ou seja, em mais de um tipo de amostra. Os herbicidas Atrazina, Picloram, 2,4-D, Clomazone, Tiobencarbe, Clorimurom etílico e os inseticidas - Imidacloprido e Fipronil; os fungicidas Tebuconazol e Carbendazim se enquadraram nessa classificação.

Os agrotóxicos detectados em maior frequência nas amostras analisadas foram Clomazone, Imidacloprido e Atrazina. Os produtos 2,4 D, Picloram e Atrazina foram os encontrados em maior concentração.

O estudo pontua que, dentre esses princípios ativos, cinco estão banidos em países da União Europeia, na Suíça, na Austrália e no Canadá por riscos ao meio ambiente e à saúde humana. São eles: Atrazina, 2,4 D, Fipronil, Carbendazim e Imidacloprido.

Dos 10 agrotóxicos identificados, oito não estão listados na resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que contém orientações sobre águas subterrâneasm e quatro não se encontram listados na portaria de padrão de potabilidade para agrotóxicos e metabólitos que representam risco à saúde, do Ministério da Saúde.

Os dados contidos neste relatório demonstram a alta persistência dos agrotóxicos em ambientes aquáticos, a contaminação de lençóis freáticos, águas superficiais e subterrâneas. Colocando em risco a vida humana, de uma diversidade de organismos aquáticos e microrganismos do solo

"A partir dos dados apresentados salientamos que a detecção de agrotóxicos em água, em qualquer concentração, estejam eles listados nas portarias ou não, indica risco para a população exposta e para o ambiente. Os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Conama servem para indicar a conformidade ou a não conformidade das amostras. Segundo parecer técnico do GT de Agrotóxicos da Fiocruz, em qualquer caso em que haja detecção de agrotóxicos as amostras deverão ser consideradas não conformes, devendo ser recomendadas aos órgãos competentes um conjunto de ações de vigilância à saúde humana e ao meio ambiente", argumentam as pesquisadoras.

No estudo, as cientistas lembram que existe possibilidade de interação entre os agentes químicos encontrados, "provocando efeitos aditivos, sinérgicos, a manifestação de efeitos tóxicos de forma não linear, ou seja, não proporcional às doses, e a vulnerabilidade diferenciada dos expostos, recomenda-se a adoção de medidas mais protetivas para o ambiente e para a saúde das famílias destas comunidades expostas a agrotóxicos".

"Os dados contidos neste relatório demonstram a alta persistência dos agrotóxicos em ambientes aquáticos, a contaminação de lençóis freáticos, águas superficiais e subterrâneas. Colocando em risco a vida humana, de uma diversidade de organismos aquáticos e microrganismos do solo", avaliam.

As pesquisadoras defendem que o Pantanal é um bioma de importância global, com características únicas, e que é necessário monitoramento permanente sobre o uso de agrotóxicos, com restrição do uso deles e das atividades agrícolas com potencial de poluição e impactos.

"É urgente a criação de zonas/áreas livres de agrotóxicos e outros poluentes no entorno de comunidades quilombolas, territórios indígenas e de comunidades tradicionais. Territórios estes que desenvolvem práticas de produção de alimentos agroecológicos/orgânicos, garantindo desta forma a saúde e reprodução de atividades agroecológicas livres de agrotóxicos", registram.

Leia aqui a pesquisa completa.

Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .

Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.


Comente esta notícia

Em Cuiabá, mais de mil advogados se reúnem em apoio a Gisela Cardoso
#GERAL
RUMO À VITÓRIA
Em Cuiabá, mais de mil advogados se reúnem em apoio a Gisela Cardoso
Biblioteca Estevão de Mendonça realiza palestra e oficina de dança africana em comemoração ao Dia da Consciência Negra
#GERAL
EVENTO GRATUITO
Biblioteca Estevão de Mendonça realiza palestra e oficina de dança africana em comemoração ao Dia da Consciência Negra
Jovem atleta com deficiência busca apoio para competir no hipismo
#GERAL
HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO
Jovem atleta com deficiência busca apoio para competir no hipismo
Jovem com autismo desaparece após crise no Shopping Pantanal
#GERAL
FAMÍLIA PROCURA
Jovem com autismo desaparece após crise no Shopping Pantanal
Gefron apreende 190 tabletes de entorpecentes avaliados em R$ 3,3 milhões
#GERAL
REPRESSÃO AO TRÁFICO
Gefron apreende 190 tabletes de entorpecentes avaliados em R$ 3,3 milhões
Dois cães são encontrados mortos, pendurados pelo pescoço, após denúncia de maus-tratos
#GERAL
MAUS TRATOS
Dois cães são encontrados mortos, pendurados pelo pescoço, após denúncia de maus-tratos
Confira Também Nesta Seção: