GILSON NASSER
DA REDAÇÃO
A promotora de Justiça, Mariana Batizoco Silva Alcântara, acionou o vereador de Pontes e Lacerda, Carlos Henrique Ferreira Alencar, o "Carlinhos", por conta de ofensas sofridas na tribuna da Câmara do Município. Segundo a promotora, o parlamentar proferiu "ataques contra sua honra" durante fala sobre a greve dos trabalhadores e intervenção do Hospital Vale do Guaporé (Santa Casa).
"Hoje eu vim aqui com a vontade de falar um monte de coisa, e vou pensar, porque depois que eu ouvi a promotora de Justiça falar um monte de merda na sala de reunião do hospital. E isso aqui eu falo abertamente, ela falou um monte de merda, eu não devo nada para ninguém, não devo favor pra ninguém, então eu posso falar o que eu quiser. Ela falou um monte de merda lá hoje, inclusive apoiando a atitude do prefeito ... que eu vejo que está errado, como ele vai intervir em algo que ele criou o problema?", falou o parlamentar na sessão do dia 15 de abril deste ano.
A ação foi distribuída para a 1ª Vara de Pontes e Lacerda. Na ação, a promotora descartou realizar qualquer tipo de conciliação com o parlamentar.
"É inegável que o vereador, ora requerido, ao exteriorizar sua discordância, seus intentos políticos e sua total oposição ao gestor municipal, especialmente no que se refere à intervenção realizada na Santa Casa do município, acabou por ultrapassar os limites civilizatórios ao atacar a honra e dignidade da autora, que, por sua vez, não atua em conluio com qualquer posição partidária e representa/defende a população no mister da nobre função de membro do Ministério Público do Estado de Mato Grosso", afirma a membro do Ministério Público de Mato Grosso.
Mariana Alcântara destacou ainda que o vereador não detalhou em sua fala na tribuna o que ela teria dito na unidade hospitalar que ele qualificou como "merda". "... optou deliberadamente por deixar ao crivo de todos os presentes e de toda a população mato-grossense, a possibilidade de se levantarem incontáveis maliciosas suposições acerca da integridade da conduta da autora", assinalou a promotora.
Porém, a representante do MPMT citou que a atuação do órgão no caso envolvendo a saúde de Pontes e Lacerda não deve ser levada em consideração, mas sim apenas a ofensa sofrida por pelo vereador. Além disso, ela apontou que foi vítima de violência de gênero.
"Ademais, é impossível atribuir qualquer significado diverso à terminologia utilizada pelo vereador senão aquele depreciativo, asqueroso e nauseante, tal como popularmente conhecido", acrescenta, citando as inúmeras notas de repúdio contra a fala do parlamentar, que, em conversar paralelas, sempre negou ter feito alguma coisa de errado.
"Com efeito, a ofensa dirigida à autora voltou a ser enaltecida pelo requerido em diversas ocasiões nas suas redes sociais, na medida em que buscou guarnecer seu extrapolamento da liberdade de expressão, não abrigado pela imunidade, no âmbito interpretativo da Língua Portuguesa, ou seja, tentou justificar o que foi dito sob sua maledicente perspectiva de interpretação", complementa.
Mariana Alcânata pontuou que ficou abalada com as falas do vereador e, por conta disso, exige indenização. "A autora, após tal ataque e ofensa, teve dificuldade para trabalhar, para concentrar-se nos assuntos sob sua responsabilidade e também sofreu no âmbito familiar, pois, de fato, não está acostumada a ser tratada dessa
maneira por quem quer que seja".
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