MAX AGUIAR
DA REDAÇÃO
A Justiça prorrogou para o dia 4 de dezembro a quarta e última audiência de instrução do processo movido contra o Pantanal Shopping Center, pelas famílias dos adolescentes K. S. O, de 12 anos, e M. S. S., de 13 anos, 13, que morreram após cair do telhado do estabelecimento, em 21 de junho de 2011.
O processo tramita na 6ª Vara Cível da Capital, sob a responsabilidade do juiz Aristeu Vilela. O valor da indenização pleiteada pelas famílias é de R$ 3 milhões.
Durante as três audiências que aconteceram até agora, o advogado Marcelon Angelos de Macedo, que representa as famílias, garantiu conseguir provar que houve negligência por parte do shopping.
“Eles [diretores do shopping] estavam mais preocupados em esconder o acidente. Tanto, que retiraram as crianças do local onde tinham caído, que era no terceiro piso, e as levaram para o térreo. O atendimento inicial não foi feito pela equipe do Samu, e sim por funcionários do shopping, que não tinham treinamento e muito menos equipamento para o caso de um acidente tão grave. Por isso, ressaltamos o motivo negligência e provamos isso", disse Marcelon Macedo ao MidiaNews.
O advogado também afirmou que os mais de 30 depoimentos que foram ouvidos ajudaram a provar que omissão de socorro foi o motivo da morte dos adolescentes.
“As declarações dos próprios funcionários do shopping apontam para a nossa tese, de que houve omissão de socorro. A preocupação deles era irar as crianças do local sem chamar a atenção. Fizeram isso, limparam o lugar onde eles caíram e as carregaram de qualquer jeito. Isso ajudou nas mortes que foram causadas por hemorragia interna”, completou Marcelon.
Condenação
Somente após a audiência de innstrução que o juiz Aristeu Vilela marcará o julgamento do caso.
O advogado Marcelon Macedo disse acreditar na condenação do shopping, principalmente pela falta de segurança no local.
Testemunhas que trabalhavam no shopping no dia do acidente confirmaram que não havia nenhuma placa informativa, ou segurança para impedir acesso ao local.
“Um dos menores falou que eles iam lá para tirar fotos da cidade, filmar a vista, porque de lá eles conseguiam ver até a Chapada [dos Guimarães]. Eles não foram para entrar no cinema de graça, como alegaram. Não existe isso. Quem ia querer entrar no cinema se arriscando a uma queda de 12 metros?. Lá não tinha nem segurança ou nada avisando sobre o perigo do telhado”, contou o advogado.
Na época do acidente, os pais do garoto M.S. também criticaram o atendimento prestado pelo Pantanal Shopping Center.
Divino Pereira Santos, 62, e Roseli de Souza Santos, 38, disseram, em entrevista ao MidiaNews, que estão indignados com o descaso do estabelecimento, durante e após o acidente.
“As crianças caíram do teto por volta de 11 horas da manhã, e a direção do shopping só foi me avisar às 13h. Além disso, mentiram para mim: disseram que meu filho só tinha arranhões, mas, na verdade, ele já estava morrendo. Cheguei ao Pronto-Socorro e os jornalistas vieram me perguntar como ele estava e eu não sabia de nada.”, comentou o pai da criança, em 2011.
O advogado disse que, além de se negarem a prestar esclarecimentos, administradores do shopping não queriam nem pagar o funeral.
“A mídia pressionou e, por isso, o shopping pagou o serviço funeral. Depois disso, não fizeram mais nada. Por isso, queremos esse julgamento logo”, concluiu o advogado.
O acidente
Consta nos autos que um grupo formado por cinco adolescentes subiu no telhado do shopping no dia 21 de junho de 2011, sem que nenhum segurança do local os impedisse.
Além das vítimas fatais, ainda estavam no local C.M.C., que sofreu fraturas menores, G.O e L.R.S.
Apenas esse último não caiu do telhado, sendo o responsável por pedir ajuda para os demais colegas após a queda.
No inquérito policial, os jovens afirmaram que subiram ao telhado por uma escada localizada próximo ao banheiro da praça de alimentação, onde tiveram acesso ao telhado da sala 1 de cinema, que acabou cedendo, resultando na queda das vítimas.
"As declarações dos próprios funcionários do shopping apontam para a nossa tese, de que houve omissão de socorro" Os sobreviventes chegaram a admitir, inclusive, que já teria subido ao local por diversas vezes com os colegas da escola, sem que ninguém soubesse ou os houvesse advertido de que o local era perigoso e que o acesso não era permitido.
Eles ainda alegaram que “não burlaram nenhum tipo de segurança para transporem a porta de segurança eis que não havia ninguém vigiando-a quando eles passaram”.
O caso gerou bastante polêmica na ocasião, mas o resultado do inquérito foi de que “não restou evidenciada negligência ou imprudência quanto ao acidente que culminou com a morte e lesões corporais às vítimas”.
O inquérito aponta, porém, que não pode ser eximida a responsabilidade do shopping em decorrência do “mau atendimento prestado às vítimas logo após o sinistro, como ficou cabalmente demonstrado através de depoimentos colhidos nos autos”.
Outro lado
O advogado de defesa do Pantanal Shopping, Ussiel Tavares, afirmou ao MidiaNews que não irá se posicionar sob o processo no momento e que aguarda a decisão da Justiça.
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