MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Vídeos registrados por integrantes da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) mostram dois policiais militares, identificados como tenente Arillo e sargento Kelciano, comendo um lanche nas barracas montadas por manifestantes em frente à 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá.
A filmagem foi feita momentos antes de os policiais conduzirem à delegacia Denilson D'Arc, secretário estadual da Juventude do PT, e Clarinda Castro. Outros vídeos mostram a abordagem e a condução feita pelos militares. Veja as imagens ao final da matéria.
Os jovens foram conduzidos pela PM sob alegação de "perturbação da ordem pública". A defesa, feita pelos advogados da assessoria da deputada Rosa Neide e do deputado Valdir Barranco, ambos do PT, alega a prisão foi ilegal e abusiva, e vai acionar a Corregedoria da PM e o Ministério Público Estadual, além de oficiar ao governador Mauro Mendes (União Brasil).
A advogada Soraya Bagio, que assessora Rosa Neide, aponta que os policiais estavam "de serviço participando dos atos antidemocráticos", e que teriam agido de maneira "irregular e preconceituosa" com os jovens filiados ao PT.
ENTENDA O CASO - Por volta das 17h de segunda-feira (12), Denilson e Clarinda foram até o ponto de ônibus em frente à 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, onde acontecem as manifestações após a eleição. Eles iriam pegar o transporte público para ir à aula na universidade no período noturno.
Em um relato gravado nesta terça-feira (13), Denilson relata que fez a primeira gravação para criticar a ocupação do ponto de ônibus pelos manifestantes, o que por vezes impede a parada do transporte e atrapalha a espera dos passageiros.
Na filmagem, os policiais militares estavam debaixo da tenda e Denilson começou a filmar do outro lado da avenida. É possível ver um dos policiais comendo um lanche no vídeo junto dos manifestantes.
"Eu quis fazer esse registro já que eram dois policiais militares que estavam em exercício do seu trabalho, então a gente tinha esse direito de fazer esse registro desses servidores", disse o jovem.
Os manifestantes perceberam e começaram a mostrar o dedo e xingar os dois jovens.
Em seguida Denilson relata que um bolsonarista se aproximou e questionou o motivo da filmagem, fazendo supostamente ameaças e dizendo que se a imagem fosse publicada o jovem "iria ver" que "aconteceria alguma coisa" com ele.
Outros manifestantes se aproximaram e os policiais se dirigiram até o ponto onde a situação se desenrolava. O dirigente do PT relata que os bolsonaristas teriam mentido aos policiais, dizendo que a filmagem seria de ofensas aos militares. No vídeo gravado, não há ofensa aos PMs.
Foi feita revista na mochila e demais pertencens dos jovens. Os jovens se sentiram intimidados e não mostraram o vídeo aos policiais.
Os militares decidiram chamar uma viatura para conduzir os jovens.
Clarinda se disponibilizou a acompanhar Denilson como testemunha, e acabou sendo conduzida na parte traseira da viatura.
"Eu ouvi um bolsonarista que estava ao nosso redor, que inclusive seria uma das outras testemunhas do caso, falou que não queria ir ao meu lado dentro da viatura. Então, o policial para mim entrar junto com o Denilson dentro do camburão. E eu perguntei porque eu estava indo, sendo que nao tinha motivo algum de eu estar indo ali atrás, ainda mais no camburão, como se eu fosse uma criminosa", afirmou ela.
Nesse momento, um dos policiais pegou Clarinda pelo braço, deixando uma marca, que ela mostra no vídeo do relato.
Os pertences dos jovens ficaram no banco de trás da viatura ao lado do bolsonarista que foi levado como testemunha. As portas e janelas da viatura ficaram fechadas por mais de uma hora no CISC com os dois dentro.
"O questionamento que a gente faz é: que perturbação? Quem a gente estava perturbando? Se os policiais não fazem nada e não agem contra aquilo que está acontecendo ali há dias na Avenida do CPA. Bloqueio, interdição de rua. Ontem nós estávamos sendo lesados porque os manifestantes estavam ocupando metade da via, nos obrigando a ficar no meio da rua, não dando o direito de a gente acessar o ponto de ônibus. Se tinha alguém ali perturbando a ordem pública eram aqueles manifestantes, e não dois estudantes, trabalhadores, que simplesmente fizeram uma filmagem, que era um direito nosso também", argumentou o dirigente a Juventude do PT no relato.
Veja os vídeos:
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Luciane Aparecida 13/12/2022
Polícias militares a serviço do golpismo bolsonarista. Uma vergonha pra corporação. Uma vergonha pra nação e desrespeito a população de bem.
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