ALLAN PEREIRA
Da Redação
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil), afirmou que não está otimista com o resultado da reunião do Governo do Estado com o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, para solicitar a dispensa do licenciamento das obras de corte do paredão superior do Paredão do Inferno na MT-251. O encontro seu deu na tarde da última terça-feira (2).
Durante a sessão plenária desta quarta-feira (4), Botelho pediu ao deputado estadual Valdir Barranco (PT) para cobrar uma resposta rápida do presidente do Ibama. Ambos estavam presentes na reunião do governo com o órgão ambiental.
"Não saí de lá com uma impressão muito boa. Pode ser que eu esteja errado, mas eu não tive uma impressão muito positiva sobre a obra na reunião. Então peço a você [Barranco] que fique sempre acompanhando isso, já que tem uma relação de amizade com o presidente do Ibama. Se não aprovar, tem que ser rápido [a resposta] também, para trabalharmos outro plano. Peço a você que fique de olho nisso", pediu ao petista.
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O deputado estadual Wilson Santos (PSD), que também estava na reunião, disse que Ricardo Agostinho e os técnicos do Ibama ficaram impactados com o vídeo que mostra o corte, o chamado retaludamento, do Paredão do Inferno.
Wilson disse que o presidente do Ibama mostrou disposição em ajudar, mas que os técnicos do Ibama devem fazer muitas observações.
"Eu senti que o Ibama vai licenciar a obra, mas vai fazer muitas observações. O presidente demonstrou interesse em ajudar e dar celeridade, mas apontou que a equipe técnica é quem vai opinar. Quando viu o vídeo, aquilo causou um impacto. Ele disse que o retaludamento é diferente do que estão mostrando no vídeo, o que está sendo mostrado é que vão tirar o morro inteiro e isso a equipe técnica do Ibama ficou preocupada. Essa foi uma observação que ele deixou claro", pontuou Wilson em entrevista para o Jornal da Cultura, da rádio Cultura FM, nesta terça-feira (3).
O governador Mauro Mendes (União Brasil) também confirmou que o vídeo do corte do Paredão do Inferno preocupou o Ibama, mas que o presidente e os técnicos não tinham visto o projeto.
"A informação que ele recebeu era parcial. Nós mostramos com muita clareza que ali não é só um problema de rochas que estão se desprendendo do paredão e caindo na pista. Existe uma falha estrutural, onde está aquele viaduto, que tem demonstrado fragilidades e rupturas. Já houve um rebaixamento de três centímetros naquele viaduto e isso pode acarretar em um problema no curto, médio e longo prazo. Se nós resolvermos só a parte dos desprendimentos das rochas, vamos continuar convivendo com esse fantasma de que possa ter uma ruptura ali. Quando ele entendeu isso, ele mudou completamente a sua percepção", disse.
Ricardo Agostinho não deu um prazo de análise do Ibama, mas deu urgência para que os técnicos do Ibama se debruçem sobre o assunto.
Obras no Portão do Inferno
A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) propôs como solução aos deslizamentos da escarpa (paredão) do Portão do Inferno o chamado retaludamento - um corte vertical na rocha até o nível da pista. O paredão integra o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
O governo fez o pedido de autorização das obras junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sem a necessidade de licenciamento (estudos de impacto ambiental). Até o momento, não houve resposta dos órgãos. O ICMBio tem que permitir as obras no local por cuidar do parque, enquanto o Ibama é responsável pela licença ambiental da obra.
Quando o corte chegar até o nível da atual pista da MT-251, a estrada será afastada até dez metros por onde passa o atual paredão. A via atual será usada área de contemplação. A estimativa com o corte é que sejam retirados 180 mil metros cúbicos de rocha da parte superior do paredão.
Segundo o governo, o custo está estimado em R$ 30 milhões e o prazo para conclusão é de 120 dias a partir do início da obra. A empresa contratada, a Lotufo Engenharia e Construções Ltda, tem cinco dias para iniciar a obra a partir da aprovação pelos órgãos ambientais federais.
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Marta Maria da Silva 04/04/2024
É muita pressão para destruir um patrimônio público. A natureza sendo totalmente destruída por quem deveria preservar. Não seria possível um desvio nessa estrada?!
Nando 04/04/2024
Tá começando em pizza vai terminar em ????
2 comentários