CECÍLIA NOBRE
Da Redação
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou uma plataforma digital chamada SALVE, em parceria com o Governo Federal, que disponibiliza, gratuitamente, dados de mais de 15 mil espécies de animais avaliadas quanto ao risco de extinção. O Mídiajur fez a seleção de algumas dessas espécies, que vivem no estado de Mato Grosso e que estão com sérios riscos.
Os animais mato-grossenses presentes na lista são divididos pelas categorias: Anfíbios, aves, invertebrados, mamíferos, peixes e répteis. Além disso, o ICMBio classificou o risco em que cada espécie se encontra. Em Mato Grosso, as espécies estão em três das 11 classificações, sendo elas: Vulnerável, Em perigo e Criticamente em perigo.
Dentre as espécies destacam-se alguns nomes conhecidos pela população como: Borboleta-fadinha, Arara-azul, Tuiuiú, Tamanduá-bandeira, Tatu-canastra, Anta, Cervo-do-Pantanal, Macaco-aranha, Macaco-prego, Lobo-Guará, Cachorro-do-mato, Gato-maracajá, Onça-pintada, Ariranha, Morcego, Calango, Cobra-rainha, Peixe-Bagre, Peixe-Matrinxã e o Peixe-bacuzinho.
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Todos esses animais e diversas outras espécies, que não são conhecidas popularmente, foram pesquisadas e catalogadas no que o instituto chama de “Livro Vermelho”, publicado no ano de 2018. Neste documento, que é atualizado há cada 10 anos, além de indicar a classificação de risco de extinção, os pesquisadores disponibilizaram imagens, distribuição geográfica de cada animal, história de vida da espécie, população e as ameaças que os colocaram em risco.
É imperativo fortalecer a implementação e o cumprimento das legislações ambientais, enquanto também se busca reduzir a caça predatória e promover iniciativas de educação ambiental
Sobre essas ameaças é possível concluir, por meio da pesquisa, que a ação humana é a principal responsável pela atual situação de risco de extinção desses animais. Situações como queimadas, poluição de rios, expansões agrícolas, mineração e a implantação de Usinas Hidrelétricas são a causa da morte desses animais. Além de que, os pesquisadores apontam a caça e a pesca esportiva como grandes fatores que contribuem para a extinção dessas espécies.
Em entrevista ao Mídiajur, o doutor em Biologia, professor e pesquisador da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) João Manuel Fogaça diz que, embora seja desafiador comparar os distintos biomas presentes no Brasil, dada a singularidade de suas características, é inegável que o estado de Mato Grosso abriga biomas que, nos últimos anos, têm sofrido perdas significativas de cobertura vegetal nativa.
“O Cerrado, por exemplo, experimentou uma redução de 18% de sua área, uma deterioração que desempenha um papel crucial no agravamento da situação de extinção das espécies. Considerando esse contexto, a perspectiva para a conservação das espécies no estado não se mostra favorável” afirma o pesquisador.
Questionado sobre a possível causa dessas espécies estarem em extinção, João afirma que é possível que alguns animais se extingam de maneira natural, mas que nos últimos anos tem sido notório um aumento significativo na taxa de extinção, em grande parte devido à atividade humana.
“Ações, principalmente relacionadas à agropecuária, como o desmatamento, a contaminação do solo e da água devido ao uso excessivo de defensivos agrícolas e fertilizantes têm contribuído de forma marcante para esse cenário” relata o professor.
Outro ponto que o biólogo acredita ter grande impacto para a causa da extinção desses animais é a ação humana. Segundo o pesquisador, os seres humanos têm impactado os ciclos naturais, algo exemplificado pelas mudanças climáticas, que exercem um efeito direto no equilíbrio dos ecossistemas e na diversidade das espécies.
Sobre a possibilidade de reverter essa situação, o pesquisador diz que, infelizmente, não é possível mudar a situação de risco para todas as espécies, mas que há estratégias que podem contribuir para a preservação da biodiversidade. “A primeira e fundamental delas reside no conhecimento, afinal, somente preservamos aquilo que conhecemos. Portanto, é crucial investir em pesquisas que identifiquem tanto as espécies já conhecidas para a ciência quanto possíveis novas descobertas”, declara o biólogo.
Outra ação citada pelo pesquisador, com uma possível mudança positiva, está ligada à restauração dos habitats naturais e à criação de unidades de conservação que salvaguardem as áreas florestais remanescentes. Além do mais, para o biólogo “é imperativo fortalecer a implementação e o cumprimento das legislações ambientais, enquanto também se busca reduzir a caça predatória e promover iniciativas de educação ambiental”.
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