MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Uma empresa com ligações internacionais entrou com três novos pedidos para explorar minérios dentro da área do Parque Estadual Cristalino II, que está em disputa na Justiça. Entre os requerimentos há um para exploração de "terras raras" na área de preservação.
O Cristalino II sofre pressão desde que, no final de 2021, o Tribunal de Justiça sentenciou a extinção do decreto de criação do parque estadual. Os desembargadores acataram pedido da Sociedade Comercial e Agropecuária Triângulo Ltda, que tem como principal sócio um suposto laranja do grileiro e desmatador Antônio José Junqueira Vilela Filho, também conhecido como Jotinha.
A ação havia sido dada como "trânsito em julgado", sem recurso da Procuradoria Geral do Estado (PGE), que notificou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para excluir o Cristalino II de suas bases de dados. O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com recurso para tentar reverter a extinção do parque.
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Como mostrou o Midiajur anteriormente, 18 dias depois da notificação à Sema, surgiram 10 pedidos de garimpo de ouro junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) feitos pela Cooperativa de Pequenos Mineradores de Ouro e Pedras Preciosas de Alta Floresta (Cooperalfa).
Sigmine/Reprodução
Requerimentos de mineração dentro do Parque Estadual Cristalino II colocam em risco área de preservação
Agora, outros três requerimentos de mineração foram feitos pela MDB do Brasil Importadora e Exportadora Ltda. Se somados os três pedidos apresentados pela MDB do Brasil à ANM, a empresa pretende explorar 24,9 mil hectares dentro da área em que hoje está o Cristalino II. Por lei, não há possibilidade desse tipo de exploração de unidades de conservação como o Cristalino.
A empresa é sediada em Macapá (AP) e tem como principal sócio o empresário Mario Vicente Araújo de Boni, ligado a outras empresas e holdings com sócios brasileiros residentes no exterior e também estrangeiros.
É Mario Vicente quem assina os requerimentos apresentados à ANM em 11 de setembro. Em cada uma das áreas, o plano de pesquisa é de três anos, com investimentos de R$ 1,5 milhão para cada requerimento, somando R$ 4,5 milhões.
À ANM, a empresa informou que pretende encontrar cobre, manganês, ouro, cromo, e também uma substância chama "terras raras". Trata-se um conjunto de 17 elementos químicos utilizados de maneira industrial em supercondutores, componentes de carros híbridos, entre outras aplicações tecnológicas.
A insegurança jurídica tem gerado especulação e avanço de atividades econômicas, muitas vezes ilegais, na área do parque. No fina de setembro, o Conselho Gestor do Parque Cristalino II pediu à Sema que seja feito um novo georreferenciamento da unidade de conservação que pode retirar cerca de 40 mil hectares dos atuais 118 mil hectares de preservação da Amazônia em Mato Grosso.
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