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JUSTIÇA Sexta-feira, 05 de Abril de 2024, 16:41 - A | A

05 de Abril de 2024, 16h:41 - A | A

JUSTIÇA / OPERAÇÃO APITO FINAL

Tesoureiro do CV usava esposa, "sogra" e irmão em esquema de lavagem, diz polícia

CECÍLIA NOBRE
Da Redação



Durante as investigações da operação Apito Final, a Polícia Civil identificou que o “tesoureiro” do Comando Vermelho, Paulo Witer Farias Paelo, conhecido como W.T., teria passado a ostentar carros e imóveis de luxo de maneira incompatível com a realidade econômica dele após deixar a cadeia. Na época, Witer não tinha vínculo empregatício.

W.T. foi preso na última sexta-feira (29) em Maceió, durante uma partida de futebol amador. Segundo as investigações, ele utilizava desses campeonatos para realizar lavagem de dinheiro do tráfico de drogas da facção criminosa.

No inquérito policial, ao qual o Midiajur teve acesso, pode-se verificar o vínculo e a função de cada pessoa presente no esquema. Dentre elas, a esposa de W.T., Cristiane Patrícia Rosa Prins, a madrasta de Cristiane, Maria Aparecida Coluna Almeida, considerada como “sogra” de W.T., e o irmão de Witer, Fagner Farias Paelo.

Mesmo sem ter comprovação de vínculo empregatício, as investigações apontaram que Cristiane é proprietária de três veículos, e já teve registrados outros dois automóveis com valores que, somados, chegam ao montante de quase R$ 300 mil. Além disso, realizou a compra de um apartamento no Edifício Arthur, em Cuiabá, de R$ 950 mil, pago com dinheiro em espécie. Na época, Cristiane pediu que o “braço direito” de WT, Alex Júnior Santos de Alencar, vulgo Soldado, realizasse o pagamento por ela. 

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Cristiane também adquiriu um veículo Mitsubishi Eclipse, ano 2020, no valor de R$ 168 mil, cujo pagamento foi realizado por uma terceira pessoa, Joventino Xavier, vulgo Gauchinho, em seu favor e fez o mesmo na compra de um um Honda Civic, no valor de R$ 149 mil, usando o filho de Joventino, Roberto Roger Xavier, para realizar o pagamento.  

“Outrossim, a análise da quebra do sigilo bancário denota que a representada (Cristiane) movimentou consideráveis quantias com vários dos representados, demonstrando participação ativa e ligação entre os alvos”, diz trecho do inquérito policial.

Fagner Farias Paelo, vulgo “Faguinho ou Vaguinho” ex-pré-candidato a vereador por Cuiabá, e irmão de WT, também era utilizado no esquema de ocultação de bens para o Comando Vermelho. Ele atuava enquanto sócio proprietário do Supermercado Alice Ltda e do Mercado Alice F Paelo Ltda.

Os estabelecimentos eram responsáveis, principalmente, pela lavagem de dinheiro para a organização criminosa, segundo os investigadores. No inquérito, foi constatado que Fagner se declarava como motorista, mas suas movimentações bancárias totalizaram mais de R$ 3 milhões em crédito e mais de R$ 3 milhões em débitos, o que está fora da realidade de um motorista.

Fagner também é proprietário de uma casa de R$ 200 mil, três caminhões de R$ 530 mil, R$ 535 mil e R$ 130 mil, respectivamente, e após um levantamento verificou-se que o irmão de WT possui um patrimônio de quase R$ 2 milhões, sem qualquer comprovação lícita, de accordo com a polícia.

Maria Aparecida Coluna Almeida, madrasta de Cristiane, e “sogra” de WT, foi a responsável pela constituição do Supermercado Alice, utilizado, segundo as investigações, com a única finalidade de lavagem de dinheiro do CV. Para viabilizar as “atividades”, a Maria Aparecida conferiu poderes por procuração em favor de Alex “Soldado” e Fagner.

A “sogra” de WT ainda declarou-se como baixa renda para recebimento do auxílio-emergencial do Governo Federal, mesmo tendo movimentado, no período de afastamento do sigilo bancário, a quantia de R$ 204 mil em crédito e R$ 204 mil em débito.

“Igualmente, a participação da representada no esquema criminoso com práticas de atos para ocultar o patrimônio ilícito da ORCRIM restou evidenciada, também, em transações imobiliárias, como a realizada na “alienação” de dois terrenos onde está situado o Supermercado Alice adquiridos inicialmente pelos valores declarados em R$ 60 mil e transferidos para Fagner, alguns meses depois, pelo valor de R$ 563 mil”, afirma o inquérito.

Conforme andamento da investigação, constatou-se que a facção possui maior domínio e atuação criminosa no Estado de Mato Grosso e a estrutura da organização é rica em detalhes com manutenção do “poder”, chegada de mais membros para o CV e ainda assegura o enriquecimento da organização provenientes de crimes, como roubos, latrocínios, furtos qualificados, lavagem de capitais, tráfico de drogas, homicídios e torturas.

“Não bastasse a estrutura organizacional conta com perigosa e articulada estratégia de angariar a opinião pública em favor da organização, pois seus membros distribuem cestas básicas na falsa venda da imagem de que o 'crime' cuida dos desassistidos, 'atende' os anseios da sociedade. Vende a falsa imagem de que o 'crime compensa'", argumenta a polícia.

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