MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Diálogos no Whatsapp analisados pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) na Operação Hypnos mostram conversas, inclusive com pedido de dinheiro, do empresário João Bosco da Silva com ex-servidor João Batista de Deus Júnior, na época lotado na Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP). O Midiajur obteve acesso à análise feita pela Deccor do material.
O esquema na ECSP teria sido liderado pelo ex-secretário municipal de Saúde e ex-diretor da empresa, Célio Rodrigues da Silva, casado com a irmã de João Batista, Joany Costa. Cerca de R$ 3,2 milhões teriam sido desviados pelo grupo na compra de medicamentos para os hospitais administrados pela ECSP: São Benedito e Hospital Municipal de Cuiabá.
O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou Célio, João Batista, João Bosco, o ex-diretor Eduardo Pereira Vasconcelos, os empresários Maurício Miranda de Mello e Gilmar Fortunato, além de Nadir Ferreiira Soares Camargo da Silva, Raquell Proença Arantes, Jussiane Beatriz Perotto e João Victor da Silva. A ação penal tramita na 7ª Vara Criminal.
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João Bosco, conhecido como "Bosquinho", seria uma espécie de laranja de Maurício Miranda na empresa Remocenter Remoções e Serviços Médicos, que além dos medicamentos também fornecia ambulâncias para a saúde pública.
Já João Batista, cunhado de Célio, atuava como fiscal de contrato na área de farmácia da ECSP e era um dos responsáveis por atestar o recebimento dos produtos comprados da Remocenter.
Pagamento e pedido de dinheiro
A Deccor apreendeu o celular de João Batista e analisou conversas no Whatsapp. Segundo o relatório de investigação, em 15 de fevereiro de 2023, o ex-servidor da ECSP envia uma nota fiscal a Bosquinho no valor de R$ 2.444,65, informando que seria a parcela de nº 11.
Reprodução
O suposto laranja pergunta ao cunhado de Célio se havia alguma novidade, ao que o João Batista responde "nada ainda". "Precisa saber quem vai estar de plantão para pedir HC", responde Bosquinho. Na época, Célio estava preso preventivamente pela deflagração da primeira fase da Hypnos.
As conversas continuam em 18 de fevereiro de 2023 e Bosquinho pergunta novamente se há "notícias do amigo???". O cunhado de Célio diz que o ex-secretário "está bem" "está tranquilo". Em seguida, o empresário pede dinheiro a ele. "Depois vc ver (sic) com carinho se consegue viabilizar um valor pra mim", diz a mensagem.
Dois dias depois, o empresário volta a perguntar se havia novidades, e João Batista responde que iria ver com a "patroa". Segundo a Deccor, a referência provavelmente é à esposa de Célio e irmã do ex-servidor.
"Quando falar com a patroa verificar a possibilidade de viabilizar um valor, preciso urgente pagar a parcela da thak (sic)", diz o suposto laranja. Depois, naquele mesmo 20 de fevereiro, o ex-servidor responde que acabou de falar com a "patroa" e que "ela tá sem dinheiro".
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