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JUSTIÇA Domingo, 07 de Abril de 2024, 11:43 - A | A

07 de Abril de 2024, 11h:43 - A | A

JUSTIÇA / VEJA VÍDEOS

Deputado diz em depoimento que "cortesias" de empresas eram rotineiras e que não eram destinadas apenas a políticos

De acordo com o MPE, Dilmar estaria, supostamente, envolvido em lavagem de dinheiro e fraudes em licitações

CECÍLIA NOBRE
Da Redação



 depoimento prestado à 11ª Vara Criminal de Cuiabá, na ação penal derivada da Operação Rota Final, o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (União Brasil) afirmou que era rotineiro o recebimento de “cortesias” de empresas de transporte intermunicipal investigadas pelo Ministério Público. As "cortesias" eram passagens de ônibus e, segundo o MPE, trata-se de vantagem indevida.

No depoimento, que foi colhido para o processo criminal que tramita no Tribunal de Justiça, Dilmar declarou que diversos políticos, servidores públicos e militares recebem passagens gratuitamente a serem distribuídas para os cidadãos. O parlamentar é réu por possível envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro e fraude em licitações do setor de transporte coletivo. 

A gravação do depoimento, realizada em novembro de 2023, ao qual o Midiajur teve acesso, mostra o relato do deputado diante das acusações contra ele, denunciadas pelo MPE.

De acordo com o MPE, Dilmar estaria, supostamente, envolvido em crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro majorada pelo envolvimento em organização criminosa. Conforme consta nos autos, o parlamentar teria utilizado, inclusive, de outras pessoas (físicas e jurídicas) para repassar dinheiro de propina.

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Na denúncia, o MP alega que, enquanto membros da Comissão Especial de Transporte da Assembleia Legislativa, Dilmar e o ex-deputado Pedro Satélite (falecido) teriam “advogado” em prol dos interesses de Éder Augusto Pinheiro, empresário e proprietário da Verde Transportes, supostamente recebendo vantagens indevidas.

Segundo o MPE desde 2012, Éder Pinheiro, apontado como líder da organização criminosa, disponibilizou a Dilmar e a Satélite uma cota mensal de aproximadamente 30 passagens de ônibus, na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT) para que, supostamente, apoiassem as investidas de Éder contra a implementação do novo Sistema de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros de Mato Grosso (STCRIP/MT).

“Entre 2012 e 2018, Éder Augusto Pinheiro, líder da organização criminosa, ofereceu e entregou, por meio de Max Willian de Barros Lima, ao Deputado Estadual Dilmar Dal Bosco, que recebeu para si, por 84 vezes, por intermédio de sua assessora Cristiane Cordeiro Leite Geraldino (...), vantagem pecuniária indevida em razão do mandato que exercia, no valor de R$ 10 mil mensais, para determiná-lo a praticar, omitir e retardar atos de ofício em benefício do primeiro e dos demais membros da agremiação delitiva”, diz trecho da denúncia do MPE.

Além disso, o Ministério Público afirmou que entre os anos de 2015 e 2016, Éder supostamente teria enviado outra propina, por meio do empresário Max Willian, também com o intermédio da assessora, Cristiane, cerca de R$ 150 mil, pago de maneira parcelada, em benefício de Éder Pinheiro.

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa de Dilmar, em Sinop, em 2021, foram localizados R$ 150 mil em espécie, que estavam guardados em uma caixa de sapatos, no closet do parlamentar. De acordo com as investigações, Dilmar e Satélite teriam recebido juntos quase R$ 7 milhões em propina.

"Não era só a classe política"

Em depoimento, Dilmar afirmou que não via as “cortesias” de passagens como um dano erário público e que não era apenas ele e Satélite que as recebiam, mas também diversos outros deputados, servidores públicos e militares.

“Não era só a classe política, e eu acredito que nenhum deputado foi lá na frente do atendimento e perguntou quem que era, se votou ou não votou nele, onde morava. Acho que a maioria dos atendimentos que eram feitos pelos parlamentares eram pessoas que tinham muita necessidade que utilizam, na maioria das vezes, para atendimentos na saúde pública”, declarou Dilmar à Justiça.

Quanto a sua relação com Éder Pinheiro, o deputado disse que o conhecia enquanto empresário do ramo de transportes no norte do Estado e durante participação de Éder na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), quando o empresário foi convocado, mas que não tinha contato pessoal com ele e que nunca realizou nenhum tipo de negociação.

Quanto às acusações de recebimento de propina, Dilmar negou e disse que, ao contrário do que foi declarado por Éder, durante a delação premiada, nunca trocou mensagens nem e-mails com o empresário e que ele “faltou com a verdade” durante o depoimento.

“Eu nunca troquei o número do meu celular. Meu celular é o mesmo desde quando sou empresário, quando ‘apareceu celular’ no Estado de Mato Grosso. Nunca mudei meu número, então era fácil buscar informações, o que foi feito e nunca viram nada. A hora que ele falou que troquei mensagens com ele, ele faltou com a verdade”, afirmou Dilmar.

A respeito das acusações que envolvem o recebimento de e-mails, o deputado afirmou que não tem acesso a eles e sim à sua equipe de gabinete. Ele chegou a afirmar que não realiza uma “fiscalização” no e-mail, pois confia em seus colaboradores e quanto ao seu e-mail pessoal ele não se lembra da senha.

“Eu confio nas pessoas. Se eu não delegar poderes para as pessoas que estão trabalhando no meu gabinete aí eu começo a centralizar, eu vou atender telefone, vou ser a recepção, eu serei o chefe de gabinete, vou ser o secretário do deputado, fazer os projetos de lei. Então não precisaria de pessoas de confiança se eu tiver que fazer esses serviços”, declarou.

Sobre o valor em espécie encontrado em sua casa, o deputado alegou que estava relacionado à venda de um trator de esteira e compra de ouro, em Peixoto de Azevedo, e que tinha nota fiscal.

“Eu trouxe uma testemunha para comprovar que esse dinheiro estava na minha casa. Porque estava lá? Com esse dinheiro eu ia fazer um barracão na minha propriedade e por isso eu vendi o trator de esteira. Eu deixei de fazer, porque quando foi feita a operação (...) levou. Tinha origem e nota fiscal. A pessoa da compra de ouro e o cara que comprou o trator explicou que era cem mil na conta e cento e cinquenta mil em espécie ”, justificou.

Veja alguns dos vídeos do depoimento abaixo:

 

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Marta Maria da Silva 07/04/2024

Isso prova a naturalidade com que a corrupção funciona no meio político. Quem ouve isso e acha que é normal merece os representantes que tem.

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1 comentários

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