CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O delegado Flávio Stringuetta apontou “desequilíbrio” no comportamento do ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, e prometeu processá-lo em razão de acusações feitas por ele na manhã desta sexta-feira (9), durante depoimento prestado na 11ª Vara Militar do Fórum de Cuiabá.
A ação penal apura os crimes militares cometidos no esquema de interceptações clandestinas operado pela Polícia Militar em Mato Grosso.
Em seu depoimento, Rogers acusou Stringueta de montar uma operação simulada para investigar a atual gestão do Governo do Estado. O delegado conduziu a Operação Querubim, que apurou suposto plano da ex-amante de Paulo Taques, Tatiane Sangalli, para prejudicar o governador, a mando do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.
A ação dele está demonstrando muito desequilíbrio. Ele está cometendo outro crime agora, que é o denunciação caluniosa
“A ação dele está demonstrando muito desequilíbrio. Ele está cometendo outro crime agora, que é o denunciação caluniosa”, afirmou Stringueta, ao MidiaNews.
“O que ele diz é uma calúnia. Vou processá-lo por denunciação caluniosa”, disse o delegado, que tomou conhecimento das acusações feitas contra ele pela imprensa.
Segundo Stringueta, toda ação da Querubim foi avalizada pelo Ministério Público e autorizada por decisão da juíza Selma Arruda.
Ainda conforme o delegado, a operação foi acompanhada em “tempo real” pelo Governo do Estado.
“Tudo que fazíamos na operação era reportado ao Governo para tranquilizá-lo com relação a possível ameaça contra o governador. O governo sempre teve ciência em tempo real de tudo que acontecia na investigação”, afirmou.
De acordo com Stringueta, à época da investigação não houve qualquer tipo de questionamento por parte do Executivo.
“Não houve questionamento. O governo pedia informação e eu mandava cópia do inquérito pra eles. Eles tiveram acesso integral às investigações, até porque era minha obrigação tranquilizá-los sobre eventual ataque”, disse o delegado.
“Acompanhei as declarações do ex-secretário pela imprensa. Parece que está batendo desespero nessas pessoas. Ele foi lá para prestar depoimento de uma coisa e passou a falar de outro procedimento, relativo a uma época que ele sequer era secretário de Segurança Pública”, afirmou.
“Tática ultrapassada”
O delegado também rebateu declarações de Jarbas dando conta de que o delegado tinha intenção de investigar o Governo apenas por ser contrário à atual gestão.
“Ele é contra o Governo, é só ver os posicionamentos nas redes sociais dele, sobre RGA, essas coisas", disse Jarbas, durante o interrogatório.
Stringueta, por sua vez, disse que não foi ele quem escolheu conduzir a investigação da Operação Querubim, tampouco o inquérito relativo aos grampos ilegais.
“Fui escolhido para as duas investigações. Não preciso gostar ou não gostar do investigado ou da vítima para fazer um bom trabalho. Trabalhei muito tempo no interior, e no interior a gente é próximo de muita gente. Eu sempre soube levar meus trabalhos com isenção”, afirmou.
“Nenhuma vez me manifestei nas redes sociais contrário a determinadas pessoas. Sempre critiquei a conduta dessas pessoas. Nunca falei mal do Rogers, nem do governador. Sempre critiquei a conduta deles. Não há nenhum fundamento em fazer esse tipo de alegação. Isso pra mim demonstra desespero, que eles não tem argumento. Quando pessoa não tem argumento para se defender, ela ataca o investigador. É uma velha e ultrapassada técnica”, concluiu o delegado.
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