ALLAN PEREIRA E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Seguranças de uma fazenda localizada ao lado Terra Indígena Sararé foram alvos de um ataque, na manhã de terça-feira (20), cometido por homens armados com fuzis, próximo à área de garimpo ilegal na reserva indígena.
De acordo com o boletim de ocorrência ao qual o Midiajur teve acesso, quatro seguranças foram alvos de disparos de fuzis pelos suspeitos, não identificados. Os criminosos também atearam fogo em um Fiat Argo usados pelos funcionários da propriedade.
Um dos quatro seguranças, que correu dos disparos dos fuzis, ficou desaparecido até o momento do registro do boletim de ocorrência na terça, mas foi encontrado posteriormente.
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Funcionários da fazenda acionaram a Polícia Militar depois de ver que o Fiat Argo, usado pelos seguranças para rondas na propriedade, estava em chamas. Um vídeo foi feito do veículo pegando fogo - veja abaixo na matéria.
Uma equipe do 18º Batalhão de Pontes e Lacerda foi até a fazenda. Após fazer rondas nos limites da propriedade, que faz acesso ao rio Sararé e à área de garimpo ilegal, os policiais encontraram os seguranças por volta das 14h20. Eles estavam em um barraco de armazenamento de veneno.
Conforme o relato dos policiais no boletim de ocorrência, os seguranças estavam bastante transtornados, abalados pelo susto, molhados e com roupas sujas de barro.
Os seguranças relataram que estavam em rondas nos limites da fazenda e encontraram sinais de invasão da propriedade. Uma máquina, sem especificar qual, estava em operação no local. Eles resolveram retornar ao Fiat Argo e encontraram quatro homens armados com fuzis, que dispararam contra a equipe.
Os seguranças correram em direção à mata. Um deles correu em outra direção e se perdeu temporariamente do grupo.
Após darem o relato, os policiais levaram as três vítimas para registro da ocorrência na Polícia Civil de Pontes e Lacerda. O quarto segurança foi encontrado depois.
TI Sararé tem plano de desinstrusão para expulsar garimpeiros
A Terra Indígena Sararé, localizada na região oeste de Mato Grosso, foi um dos territórios considerados prioritários pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em um novo plano operacional de desintrusões de pessoas não-indígenas.
Apesar de ser homologada pelo Governo Federal, a Sararé tem sido alvo de ação de garimpeiros ilegais para extração de ouro. O território tem 67 mil hectares de extensão e está distribuído entre os municípios de Conquista D'Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade. A região tem sido alvo frequente de operações da Força Nacional e da Polícia Federal, que não conseguiram expulsar os garimpeiros ilegais.
Em abril de 2023, o MidiaJur noticiou as ameaças de morte sofridas pelos indígenas Nambiquara, que passaram a se refugiar no interior da TI e foram impedidos de circular dentro do próprio território.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, o posto de vigilância da Funai na Sararé foi cercado pelo garimpo, que conta com uma grande estrutura composta de “restaurantes, prostíbulos, barracos e acampamentos” e cerca de 2 mil garimpeiros.
A TI Sararé foi uma das mais invadidas para exploração ilegal de ouro em 2023, entre as quais aconteceram “cooptação de indígenas, desestruturação das aldeias, intensificação de doenças como malária e contaminação por mercúrio, com reflexo direto na saúde de crianças, jovens e adultos”, informou o jornal, em janeiro.
Após apresentar o plano ao Supremo Tribunal Federal, por determinação do ministro Luis Roberto Barroso, o Governo Federal precisa executar a expulsão dos não indígenas em até 12 meses.
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