ALLAN PEREIRA
Da Redação
Agentes comunitários de saúde e agentes de endemias protestaram na manhã desta quinta-feira (01), na praça Alencastro, na frente da sede da Prefeitura de Cuiabá, para reivindicar o pagamento da rescisão dos seus contratos de trabalhos. Em nota, a prefeitura de Cuiabá informou que os direitos dos agentes serão pagos na próxima segunda-feira (05).
Segundo os agentes ouvidos pela reportagem do MidiaJur, todos foram exonerados desde agosto, sem que fosse apresentada qualquer justificativa sobre o desligamento. Com faixas na frente da prefeitura, os agentes cobraram o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) alegando inclusive que seus filhos vivem com fome por conta do não recebimento dos direitos.
A agente comunitária de saúde Silvana Ferreira da Silva, de 38 anos, relata dificuldades econômicas desde que foi demitida. Ela atuou também por 14 anos no PSF do bairro Pedregal.
"Eu trabalho desde o dia 10 de janeiro de 2008 e simplesmente mandou embora sem justificar nada. Estamos há três meses sem receber. E os nossos filhos, ficam como? E os nossos aluguéis? A gente mora de aluguel, temos filhos pequenos, precisamos do dinheiro. Eu mesmo estou com contas atrasadas. Faço um bico ali, uma faxina ali".
A agente comunitária de saúde Greysivane Rodrigues de Oliveira, de 37 anos, conta que soube da exoneração quando foi bater o ponto. Ela atuou por 14 anos no Posto de Saúde da Família do bairro Areão.
"Fomos bater o ponto e não registrava. No outro dia, a gente voltou e, quando a enfermeira foi ver, o nosso nome não estava mais no registro. Depois, falaram para nós que fomos exonerados", relata.
Allan Pereira/MidiaJur
Greysivane Rodrigues Oliveira descobriu que foi exonerada quando foi bater ponto no início do dia de trabalho.
Todos os ex-servidores têm mais de dez anos de serviços prestados como agente comunitários de saúde ou de endemias nas unidades de saúde de atenção básica da Capital.
Eles denunciam que além de não serem comunicados da exoneração não receberam os direitos garantidos com a rescisão do contrato de trabalho, como a multa rescisória, o tempo de serviço trabalhado, férias e décimo terceiro.
É muito triste. Dedicamos tanto tempo a população e sermos mandados embora como se a gente não fosse nada. Somos uma mercadoria para ele, uma matéria-prima, que não pagou o que tinha que pagar. É revoltante!
Greysivane relata sensação de descaso após mais de uma década de trabalho prestado para a saúde do município.
"É muito triste. Dedicamos tanto tempo a população e sermos mandados embora como se a gente não fosse nada. Somos uma mercadoria para ele, uma matéria-prima, que não pagou o que tinha que pagar. É revoltante!", disse.
Allan Pereira/MidiaJur
Vera Lúcia sente que seus 14 anos à frente do PSF do bairro Areão foram perdidos com exoneração.
A agente comunitária de saúde Vera Lucia dos Santos Rezende, de 43 anos, classifica que seus 14 anos no Posto de Saúde da Família do bairro Areão foram perdidos e afirma que não pretende voltar para a função se não for concursada.
"Eu estou estudando para ser técnica em enfermagem. Estou estagiando, mas era o estágio ou serviço. Eu prefiro estagiar no momento para poder entrar na área. Mas são muitos anos; eu quero meus direitos. Não quero mais atuar como agente de saúde", declara.
Assim como Silvana, Greysivane, Vera Lúcia e outros agentes relatam viver de bicos, ou com ajuda de familiares e amigos.
Outro lado
Em nota, a prefeitura de Cuiabá informou que os direitos dos agentes serão pagos na próxima segunda-feira (05).
Em relação aos acertos rescisórios dos agentes comunitários, a Secretaria Municipal de Saúde – SMS esclarece:
-Serão pagos na próxima segunda-feira (05), em folha suplementar;
-O problema no pagamento aconteceu devido a inconsistências na folha de pagamento, causadas por discordâncias no relógio de ponto e no abono de faltas.
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Jaqueline 04/12/2022
Mas não são só os acs e médicos que estão sem receber. Todos em geral mais de 800 servidores foram exonerados em Julho e Agosto, e até agora eles não pagaram. Isso é revoltante! Eu estou desde julho sem receber essa rescisão. Vamos vê se vai cair para todos. Se não, vamos ter que manifestar em frente a prefeitura também.
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