AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
O advogado Julio Cesar Domingues Rodrigues, preso na Operação Ventríloquo, teria feito ligações e enviado mensagens de texto ao deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB), na tentativa de extorquir dinheiro do parlamentar.
A denúncia da tentativa de extorsão foi feita pelo irmão do deputado, Juliano Jorge Boraczynski, ao Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em depoimento no
Não se trata de apuração deste crime. Porém, nada obsta que se solicite a vinda dos dados cadastrais referentes aos terminais telefônicos indicados por Juliano Jorge Boraczynski, portanto, defiro o pedido
dia 07 de julho deste ano.
Em audiência realizada na última terça-feira (30), o irmão do parlamentar prestou depoimento à juíza da Vara de Crime Organizado da capital, Selma Arruda, e informou a ela os números telefônicos supostamente usados pelo advogado Júlio Cesar, nas ligações feitas a Romoaldo Júnior.
A juíza reiterou que o fato não é objeto de investigação por parte de autoridade policial ou do Gaeco, mas decidiu autorizar a quebra de sigilo telefônico para que o caso seja averiguado.
“Não se trata de apuração deste crime. Porém, nada obsta que se solicite a vinda dos dados cadastrais referentes aos terminais telefônicos indicados por Juliano Jorge Boraczynski, portanto, defiro o pedido”, afirmou Selma Arruda.
De acordo com a denúncia, uma das mensagens enviadas por Julio Cesar a Romoaldo dizia: “ tenho seu mano gravado várias vezes... quero um milhão p segurar a bronca toda.. Vcs tem três dias”.
O deputado estadual Romoaldo Júnior, por meio de sua assessoria, confirmou que foi ele quem orientou seu irmão a denunciar a tentativa de extorsão ao Gaeco.
Rodrigues está recolhido no Centro de Custódia da Capital desde o dia 10 de agosto de 2015 e advoga em causa própria na ação penal em que é réu.
Ele é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE-MT), como responsável pela interlocução entre o advogado Joaquim Mielli Camargo – representante do Banco HSBC - e a Assembleia Legislativa, no suposto esquema que envolveu o pagamento de uma dívida de R$ 9,4 milhões da Casa de Leis com a instituição bancária.
Envolvimento de Romoaldo
Segundo a investigação do Gaeco, a Assembleia Legislativa contratou um seguro junto ao antigo Bamerindus Companhia de Seguros na década de 90 (hoje HSBC, que o incorporou), porém, não quitou os valores devidos, o que levou à Seguradora ingressar com a ação de execução no ano de 1997.
Passados quinze anos, em meados de 2012, com a ação judicial ainda em andamento (como está até o momento), o advogado Júlio César Domingues Rodrigues, atendendo aos ditames dos demais integrantes do suposto bando criminoso, procurou Joaquim Fabio Mielli Camargo se dizendo intermediário da ALMT e se colocando à disposição para negociar referidos valores; aduzindo, em seguida, já no ano de 2013, que o Procurador-Geral daquele órgão, Anderson Flavio de Godoi, daria parecer favorável, ocasião em que fora protocolado requerimento administrativo de pagamento do débito junto à ALMT e que deu origem ao Processo Administrativo nº 45/2013.
A autorização para a liberação do crédito, pago em três parcelas, foi assinada pelo deputado Romoaldo Júnior - na época, com o afastamento de Riva da Mesa Diretora, presidente da Casa de Leis - e pelo deputado Mauro Savi (PR), então primeiro-secretário do Poder.
Em depoimento prestado ao Gaeco, no dia 27 de maio deste ano, Romoaldo afirmou que toda a negociação sobre o pagamento havia sido feita por Riva.
Segundo os promotores do Gaeco, entre os meses de fevereiro à abril de 2014, os denunciados subtraíram cerca de R$ 9,5 milhões em proveito próprio e alheio valendo-se da condição de funcionários públicos de alguns de seus membros.
A ação criminal que tramita na Vara de Crime Organizado da capital tem como réus: o ex-deputado José Geraldo Riva, o advogado Julio Cesar Domingues Rodrigues, o ex-procurador-geral da AL, Anderson Flavio de Godoi e o ex-secretário de Finanças da AL, Luiz Marcio Bastos Pommot.
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