JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
A empresária Patrícia Hellen Guimarães Ramos protocolou no Ministério Público Estadual uma notícia-crime e de ato infracional acusando de fraude processual o empresário Marcelo Cestari, sua esposa Gaby Soares de Oliveira Cestari e dois filhos do casal, ambos de 14 anos.
Patrícia é mãe da adolescente Isabele Ramos, de 14, que morreu no dia 12 de julho com um tiro no rosto disparado por uma arma que era segurada pela filha de Cestari.
O documento, assinado pelo advogado Hélio Nishiyama, também cita o delegado Olímpio da Cunha Fernandes Júnior e mais três policiais que foram ao local da tragédia, segundo a notícia crime, dar apoio à família Cestari e "intimidar" as testemunhas.
"Nesse diapasão, o conteúdo probatório produzido no Ato Infracional n. 309/2020 da DEA e no inquérito policial n. 131/2020 da DEDDICA evidencia severos indícios de que Marcelo, Gaby, e os dois filhos, em conjunto e unidos pelo mesmo desígnio, teriam agido, em tese, com intuito de alterar as circunstâncias fáticas da morte violenta da adolescente Isabele, com a finalidade de isentar ou minorar responsabilidade em processo penal", diz trecho do documento.
Também foram apontados o sargento da Polícia Militar Fernando Raphael Pereira Oliveira - presidente da Federação de Tiros de Mato Grosso - e os investigadores da Polícia Civil Leandro Livinali Ecco e Mário José Leite dos Santos.
A representação pede que eles sejam investigados por fraude processual, prevaricação e advocacia administrativa, “além de outros delitos previstos no Código Penal e na legislação penal extravagante, tendo em vista os acontecimentos adiante noticiados”.
A notícia-crime detalha situações que ocorreram no dia da morte de Isabele que, conforme a defesa de Patrícia Ramos, corroboram a proteção aos familiares da família Cestari, pelos denunciados. O documento tem 46 páginas e foi protocolado na 12ª Promotoria de Justiça Criminal e 18ª Promotoria de Infância e Juventude da Capital segunda-feira (31).
Acusações
Da fraude processual, o advogado de Patrícia alega ter havido ligações "falaciosas" ao Samu; a remoção da arma do local do crime; remoção do estojo do local do crime; troca de roupa da adolescente que segurava a arma; tentativa de impedir o acesso da Polícia Militar ao local.
No que diz respeito à prevaricação, o documento cita a precariedade no isolamento de local de crime; aparente parcialidade da autoridade policial; a omissão em realizar diligências imediatas no local de crime; a não atuação em flagrante por homicídio; as irregularidades no auto de prisão em flagrante delito, a ilegalidade na quantificação da fiança.
Quanto à advocacia administrativa, o documento expõe a conduta do policial civil Leandro Ecco, que mesmo não estando a trabalho, ficou na casa da família Cestari durante todo o trabalho da DHPP. “E mais, segundo o seu depoimento, ele teria se valido da condição de policial para entrar no condomínio com a finalidade de prestar solidariedade ao “irmão”. Isso, por si só, é ilegal”, diz a notícia-crime.
Ainda por advocacia administrativa, o documento cita o investigador Mário José Leite, que confessou ser amigo de Marcelo Cestari, e, conforme a notícia-crime, esteve atuando como “segurança de Marcelo Cestari, em função da postura intimidadora que se colocaram”.
Já o presidente da Federação de Tiro Desportivo, Fernando Pereira, amigo do empresário, também permaneceu na casa da família Cestari durante todo o trabalho da DHPP.
“E mais, deslocou-se até o local fardado e com viatura para, na condição de policial militar, prestar auxílio ao particular Marcelo Cestari. Isso, por si só, é ilegal”, diz o documento.
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