CECÍLIA NOBRE
Da Redação
Reprodução
Atualizada às 17h25 com a nota retificada pela Reitoria da UFMT
Na manhã desta terça-feira (12) , acadêmicos dos cursos de bacharelado e licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) iniciaram uma paralisação devido ao posicionamento da instituição em relação a precariedade dos transportes utilizados pelos estudantes nas aulas de campo enviado ao Midiajur na útima sexta-feira (8).
No sábado (9) o Centro Acadêmico de Geografia (Cageo) publicou, em suas redes sociais, uma nota de repúdio dizendo que o caso do micro-ônibus, cujo pneu estourou a caminho de uma aula de campo, na BR-364, não é um caso isolado e que não acontece apenas com os alunos de Geografia e “o que acontece e a gestão da UFMT se nega a assumir é que há sim falta de infraestrutura e investimento para os estudantes em relação ao transporte (...)”.
A paralisação acadêmica teve início na data de hoje, no Instituto de Geografia, História e Documentação (IGHD) da UFMT, após uma votação durante a assembleia extraordinária do Cageo, que aprovou a paralisação. Nesse momento, os alunos estão marchando para a reitoria em busca de respostas.
Leia mais:
Professor e aluna da UFMT relatam precariedade de ônibus usados em aulas de campo
Na assembleia, foram elencados os problemas que os alunos, não só do curso de Geografia, mas dos demais também, vêm enfrentando em relação aos transportes da instituição e nos laboratórios e departamentos da UFMT.
No documento, os acadêmicos alegam que há um descaso para com os cursos e que a resposta de que o pneu do micro-ônibus estourou por “problemas na estrada” foi uma forma de “deslegitimar a fala do corpo estudantil e se isentar da responsabilidade de fornecer transporte adequado para as aulas-campo”.
Ao Midiajur, uma acadêmica, que está participando do ato desta manhã, disse que a manifestação é uma resposta à negligência da UFMT para com os estudantes. Em relato, a aluna de Geografia disse que a nota emitida pela universidade sobre o pneu estourado do micro-ônibus na sexta-feira (8), alegando que o problema seria a estrada é uma mentira, pois a rodovia estava em “perfeitas condições”, como mostra o vídeo abaixo, encaminhado por ela:
A estudante também enviou fotos mostrando que os pneus e o step do micro-ônibus estavam em condições precárias, deixando claro que a situação aconteceu devido a falta de manutenção do transporte. “E a UFMT culpa a estrada, não foi a estrada. Porque ônibus com essas condições estão sendo disponibilizados pra gente?” indagou a acadêmica.
Reprodução
Na assembleia, os acadêmicos solicitaram uma retratação pública da UFMT em relação a nota emitida que, segundo eles, “tenta desmentir o fato vivido e a fala dos estudante” e ainda pede que os atuais candidatos à reitoria Marluce Silva, da Chapa 1, e Evandro Soares, da Chapa 2, assinem um documento, elaborado pelo Centro Acadêmico de Geografia assumindo compromissos de investirem na infraestrutura do departamento, no laboratório de Cartografia, na qualidade de água do departamento e dos aparelhos de ar condicionado.
O outro lado:
O Mídiajur entrou em contato com a UFMT, mas não obteve resposta até a publicação da matéria. Posteriormente, a UFMT encaminhou a seguinte nota:
Ao contrário do informado em resposta encaminhada na sexta-feira, dia 8 de março, a Secretaria de Infraestrutura dos Campi (SIC) esclarece que não foi devido a problemas na estrada a intercorrência com um dos pneus do ônibus que viajava, sentido Campo Verde, transportando uma turma de estudantes do curso de Geografia.
Responsável pelo setor de Transportes da Universidade, a Secretaria de Infraestrutura dos Campi informa ainda que reforçou as medidas de verificação de todos os itens de segurança dos veículos destinados ao transporte dos estudantes para as aulas de campo, além da manutenção preventiva realizada mensalmente.
Atualmente, a SIC está no aguardo da chegada de mais 1 ônibus grande e 4 caminhonetes, adquiridas no final do ano passado, o que vai aumentar o conforto e a segurança oferecida durante as viagens das aulas de campo.
Veja a nota de repúdio do Cageo publicada no sábado (9) na íntegra:
O CENTRO ACADÊMICO DE GEOGRAFIA VEM POR MEIO DESTE ENFATIZAR QUE O PNEU QUE EXPLODIU HOJE NA IDA AO CAMPO COM OS ESTUDANTES DE GEOGRAFIA NÃO SE DEU POR PROBLEMAS NA ESTRADA.
EM NOTA AO MIDIAJUR A UFMT DIZ QUE O PROBLEMA OCORREU POR CONTA DA ESTRADA, ENTRETANTO, O VÍDEO FEITO PELOS PRÓPRIOS ESTUDANTES MOSTRAM AO CONTRÁRIO.
O QUE ACONTECE E A GESTÃO DA UFMT SE NEGA A ASSUMIR É QUE HÁ SIM FALTA DE INFRAESTRUTURA E INVESTIMENTO PARA OS ESTUDANTES EM RELAÇÃO AO TRANSPORTE, BEM COMO HÁ FALTA DE INFRAESTRUTURA PARA A ILUMINAÇÃO DO CAMPUS, FALTA DE SEGURANÇA, FALTA DE LABORATÓRIOS ADEQUADOS.
OS ESTUDANTES SABEM O QUE ACONTECEU, QUE INCLUSIVE NÃO É UM FATO ISOLADO E NÃO ACONTECE SÓ COM OS ESTUDANTES DA GEOGRAFIA. DIANTE DISSO, O CAGEO E OS ESTUDANTES NÃO VÃO SE RETRATAR, AO CONTRÁRIO, IREMOS CONTINUAR DENUNCIANDO A FALTA DE INFRAESTRUTURA E O DESCASO PARA COM O CORPO ESTUDANTIL, QUER A GESTÃO DA UFMT QUEIRA, QUER NÃO.
NÃO VÃO NOS SILENCIAR.
Veja o resultado da assembleia extraordinária e as solicitações dos acadêmicos:
Ver essa foto no Instagram
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.