LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal em Mato Grosso, negou pedido de absolvição formulado pela ex-secretária de Estado Janete Riva e pelos empresários Avilmar de Araújo Costa, Altevir Pierozan Magalhães, Altair Baggio e Guilherme Lomba de Mello Assumpção.
A decisão é do último dia 13. Todos eles são réus de ação penal derivada da Operação Ararath, sob a acusação de lavagem de dinheiro.
Segundo o MPF, os denunciados, por meio das empresas L.B Notari, Supermercados Modelo e Multimetal, utilizaram-se de bancos clandestinos, na tentativa de ocultar movimentações financeiras.
De acordo com as informações prestadas pelo delator do suposto esquema, Gércio Marcelino Mendonça, o "Júnior Mendonça" – e, segundo o Ministério Público Federal, comprovadas durante a investigação -, as operações financeiras em nome dessas empresas tinham como mandante e beneficiário final o ex-deputado estadual José Riva, esposo da ex-secretária.
Na decisão, o juiz sustentou que a ex-secretária e os empresários não se enquadram em nenhum dos requisitos que permitiriam a absolvição sumária, como a extinção da punibilidade e a existência de algum fator que poderia excluir a culpa deles nos fatos denunciados.
Ante o exposto deixo de absolver sumariamente os acusados [...] tendo em vista não estar presente qualquer hipótese do art. 397 do Código de Processo Penal
“Ante o exposto deixo de absolver sumariamente os acusados Avilmar de Araújo Costa, Altevir Pierozan Magalhães, Altair Baggio, Guilherme Lomba de Mello Assumpção e Janete Gomes Riva tendo em vista não estar presente qualquer hipótese do art. 397 do Código de Processo Penal”, diz trecho da decisão.
O magistrado também determinou que eles indicassem, em até 48 horas, as testemunhas de defesa que serão ouvidas nas audiências, detalhando quais delas têm conhecimento dos fatos e quais são “meramente abonatórias”.
Schneider oficiou os empresários Altevir Pierozan, Altair Baggio e Guilherme Assumpção a detalharem quais provas pretendem produzir nos pedidos de perícia solicitados à Justiça.
O magistrado ainda mandou Janete Riva informar a localização das aeronaves e veículos que estão no nome dela, bens estes que foram arrestados pela Justiça.
Pedidos de absolvição
Além de Janete Riva e dos empresários, também já tiveram negados os pedidos de absolvição em outras ações da Ararath: o empresário Samuel Maggi Locks, sobrinho do senador Blairo Maggi (PR); o ex-secretario de Estado Eder Moraes; os empresários Genir Martelli e Marcio Luiz Barbosa, da Martelli Transportes; o empresário Osvaldo Alves Cabral, dono da construtora Planservi; os irmãos advogados Kleber e Alex Tocantins Matos; o ex-superintendente do Bic Banco em Cuiabá, Luiz Carlos Cuzziol;e o ex-secretário adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes.
A denúncia
De acordo com o MPF, em maio de 2008, Avilmar de Araújo Costa, então representante da empresa L.B Notari, do município de Juara (709 km a Médio-Norte de Cuiabá), fez três transferências para a Globo Fomento, de propriedade de Júnior Mendonça, para pagar parte de uma dívida em nome de José Riva.
As três transferências foram fracionadas de modo a tentar não chamar a atenção dos órgãos de controle que monitoram as transações financeiras, conforme as investigações.
Em 2011, foram realizadas transações financeiras envolvendo os supermercados Modelo (que teve falência decretada) e a Multimetal no esquema de lavagem de dinheiro.
Em fevereiro daquele ano, Júnior Mendonça fez um empréstimo milionário no BIC Banco em nome da Amazônia Petróleo. O empréstimo tinha como destino final os Supermercados Modelo e a Multimetal.
No mesmo dia que o empréstimo foi disponibilizado à Amazônia Petróleo, a maior parte do dinheiro foi transferida para a conta do Modelo, que tinha Altevir Pierozan Magalhães como diretor-presidente, com o objetivo de quitar dívida do ex-deputado estadual José Riva.
Outra parte do empréstimo no BIC Banco foi transferida para a Multimetal, empresa de Altair Baggio e Guilherme Lomba de Mello Assumpção, para o pagamento da primeira parcela, de um total de cinco, relativa à compra de 40% da empresa por Janete Gomes Riva.
Porém, desde 2011 a formalização da entrada de Janete na sociedade nunca foi feita perante a Receita Federal ou a Junta Comercial.
Uma cópia integral da denúncia proposta pelo Ministério Público Federal foi encaminhada ao Ministério Público Estadual, com autorização judicial, uma vez que as ações tramitam em sigilo, para a adoção das medidas necessárias na esfera estadual.
Leia mais:
Diretor do Modelo "lavou" dinheiro para Riva, diz MPF
MPF denuncia mais cinco por lavagem de dinheiro em MT
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.