MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Indígenas da região do Araguaia divulgaram uma nota em que denunciam a "invasão" de deputados federais e da prefeita de Santa Cruz do Xingu à Terra Indígena Kapôt Nhinôre, que teve os estudos de demarcação concluídos em agosto. Os políticos alegam terem feito uma "visita" ao território com a Comissão Externa sobre Delimitação da Terra Indígena Kapôt Nhinore da Câmara Federal.
Segundo os indígenas, a visita considerada invasão "foi liderada por políticos, mais precisamente a senhora, Deputada Federal Silvia Waiapi, Deputada Federal Coronel Fernanda, Deputado José Antônio Medeiros e Prefeitura de Santa Cruz do Xingu, Joraildes Soares de Souza".
A TI Kapôt Nhinôre tem sua demarcação em andamento na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Os estudos, conforme revelados pelo Midiajur em agosto, apontam 201 propriedades rurais em cima do território dos povos Kayapó e Juruna. A área de 360 mil hectares incide sobre os municípios de Santa Cruz do Xingu e Vila Rica, em Mato Grosso, e São Félix do Xingu, no Pará.
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A denúncia foi divulgada pela Associação do Povo Kanela do Araguaia Aldeia Pukanu (APKAAP), presidida por Claudio do N. Brito Kanela, e por José da Silva Rodrigues Oliveira Kanela, cacique da Aldeia Pukanu, da região do Araguaia.
Na nota, a associação repudia "toda e qualquer violação dos territórios indígenas, como também as intimidações e opressões e ameaças contra nós povos indígenas". Para os indígenas, houve "uma invasão em seu território".
"Na tentativa de instaurar a paz e o bem viver como também proteger seu território o povo juruna vem utilizando da esfera judicial e a mídia para denunciar os ataques que vem sofrendo, foi encaminhado também alerta às organizações públicas como a Funai, o Ministério Público Federal, a Justiça Federal, MPI e mesmo com todas essas medidas vem o povo juruna vem sofrendo usurpação de seu território pelo poder político que busca tornar para si a Terra Indígena Kapôt Nhinôre", ediz a nota.
Para a associação, "é notório que essas proposições se constituem claramente em tentativas de supressão de direitos assegurados aos povos indígenas, direitos esses estabelecimentos constitucionalmente". Eles rejeitam "a maneira como a segurança jurídica é interpretada no país, prejudicando os direitos territoriais dos povos indígenas, que são injustamente responsabilizados pelos problemas fundiários constantes nos territórios".
"Dessa forma vejamos que não conseguem esconder a prioridade dada à grandes propriedades e aos interesses do grande capital da oligarquia rural, sob o argumento de que as terras indígenas deslocal os cidadãos brasileiros", defendem.
E repudiam ainda "a atitude de forças políticas entre os parlamentares na Assembleia Nacional, que propositadamente se recusam dialogar, compreender e aceitar a legitimidade das demandas territoriais dos povos indígenas, principalmente quando defininos as nossas terras como indispensáveis para a nossa vida e para a nossa segurança e fecham os olhos para a violência que nós povos indígenas passamos dentro dos territórios".
Veja o vídeo:
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