MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Uma disputa entre coronéis no Hospital Militar, em Cuiabá, gerou o inquérito que o deputado José Medeiros (Pode) utilizou para tentar descreditar as urnas eletrônicas.
O parlamentar é alvo de representação do Ministério Público Estadual (MPE), junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados pelo episódio.
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A eleição no hospital teve como vencedora a chapa dos coronéis da Polícia Militar Ricardo Almeida Gil (falecido) e José Kléber Duarte Santos.
A chapa perdedora era liderada pelo coronel Edson Leite, pai do ex-vereador por Cuiabá, Ralf Leite.
Com a derrota, os Leite passaram a entrar com diversos recursos judiciais para impedir a posse e tentar anular o resultado das eleições.
O coronel Leite e outros três militares entraram com ação na 10ª Cível de Cuiabá, alegando diversas irregularidades na disputa realizada no final de 2019.
A ação foi julgada improcedente pela juíza Sinii Savana Bosse Saboia Ribeiro, em setembro de 2020.
A magistrada condenou o pai do vereador e os demais autores da ação ao pagamento de honorários advocatícios às defesas dos coronéis acionados e do hospital.
Apesar da derrota, os integrantes da chapa liderada por Leite entraram com representação no Ministério Público Estadual (MPE), pedindo investigação contra os coronéis Ricardo de Almeida Gil e José Kléber Duarte Santos por suposta falsificação de documento e/ou uso de documento.
Foi encaminhado ao MPE um boletim de urna da eleição ocorrida em 6 de outubro de 2019 com supostas diferenças entre o resultado apresentado no documento e aquele que confirmou a derrota do coronel Leite.
Duarte prestou informações ao MPE e foi feito despacho administrativo, “o qual concluiu pela inexistência de elementos que indiquem a prática de crimes pelos investigados”.
“Contudo, após análise minuciosa dos autos, verifica-se que há outras diligências imprescindíveis à apuração dos fatos ora investigados, uma vez que a única informação colhida durante a investigação é insuficiente para se concluir pela existência da autoria e materialidade delitivas”, observou o promotor Paulo Henrique Amaral Motta, em janeiro deste ano.
O MPE acabou opinando para que a investigação deixasse de tramitar na Justiça Militar e fosse para a Justiça Comum.
Não há , porém, no andamento da investigação, qualquer suspeita sobre o funcionamento da urna eletrônica cedida pela Justiça Eleitoral.
Para o Ministério Público, Medeiros usou "de má fé” e “falseia a realidade dos fatos".
Em nota, a instituição afirmou que a divulgação do inquérito sigiloso é "mais um gesto da sua cruzada pelo retorno do voto impresso, sistema utilizado no passado com ocorrências frequentes de fraudes e manipulação de resultados, o que atentava contra a vontade soberana do eleitor brasileiro de escolher livremente seus representantes".
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