LETICIA AVALOS
Da Redação
Mesmo gerando conflito com o Conselho Regional de Medicina (CRM), o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), se mantém irredutível na determinação de que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) atendam pacientes que, caso fossem recebidos em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), receberiam a classificação verde (menos grave).
O gestor argumenta que a sua decisão é legal e indicada pelo próprio Ministério da Saúde. Segundo ele, os pacientes com classificação verde se encaixam no conceito de demanda espontânea, que as UBSs são obrigadas a atender de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).
Os médicos da capital, no entanto, tem se posicionado contra a medida, alegando que as UBSs não foram feitas para atendimento de urgências e emergências.
“Essa postura do prefeito tem levado pacientes com problemas mais graves às unidades, colocando em risco a vida destas pessoas. Embora sejam menos prioritários que aqueles com classificação vermelha ou amarela, estes casos também demandam cuidados na própria UPA”, informou o Conselho Regional de Medicina (CRM), em nota divulgada à imprensa.
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Em coletiva, nesta quarta-feira (29), Abilio reiterou que a determinação tem o objetivo de diminuir o tempo de espera nas UPAs equilibrando a quantidade de pacientes atendidos. “A maioria das UBSs estão vazias enquanto as UPAs estão lotadas. Não é uma guerra contra os médicos, mas é justo um médico da UPA atender 60, 70 pacientes de classificação verde enquanto o médico da unidade básica de saúde atende uma média de 7, 8 pacientes de demanda espontânea?”, questionou.
O prefeito negou que haja qualquer conflito com o CRM e disse que o problema entre o Conselho e a prefeitura é resultado de uma “diferença de comunicação”. Mesmo assim, disparou: “Pode emitir nota, pode representar no Ministério Público Federal ou no Estadual, pode fazer todos os procedimentos. A gente tá seguindo a legalidade”.
Abilio também se comprometeu a ampliar o horário de atendimento das UBSs, que geralmente funcionam apenas em horário comercial, e a abrir os postos nos finais de semana. Mas não estabeleceu uma data para que isso comece a acontecer.
Outra promessa do gestor foi subsidiar às UBSs os materiais e instrumentos que elas demandarem com conta dos atendimentos de demanda espontânea. “Se uma unidade básica falar para a gente: ‘nós precisamos de dipirona’, não é nada. Se pedir outro medicamento, nós mandamos. Nós temos as condições de atender às unidades básicas. [...] ”, garantiu.
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