DA REDAÇÃO
O juiz da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento deferiu nesta segunda-feira (13), o pedido de recuperação judicial do Grupo Wagron com passivo declarado de R$ 41 milhões. Formado pelo casal Agnaldo Mendes e Karla Torres Mendes, o grupo econômico atua na produção de grãos e comercialização de insumos agrícolas e alegou que as dificuldades surgiram com quebra de safra nos últimos anos e com o aumento na inadimplência dos produtores rurais.
No histórico, que faz parte dos documentos de solicitação da recuperação judicial, os empresários destacam também as intempéries climáticas e o custo de produção no campo, alavancados tanto pela pandemia da Covid-19 quanto pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevaram os preços dos insumos agrícolas.
Em sua decisão o magistrado reconheceu que o grupo preenche os requisitos legais para o processo de recuperação judicial, e que a perícia prévia constatou que as empresas do casal integram o mesmo grupo econômico, sendo justificável a formação do litisconsórcio ativo, diante da notória inexistência de autonomia patrimonial dentre elas.
O juiz determinou a suspensão de todas as ações ou execuções contra os requerentes pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias e que o casal apresente o plano de recuperação judicial em 60 dias. Nomeou ainda a empresa MPB Administração Judicial para exercer a administração judicial do caso.
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De acordo com o advogado do Grupo ERS, responsável pelo processo de recuperação judicial, Allison Giuliano Franco e Sousa, o processo foi a saída encontrada pelo grupo para manutenção das atividades neste período de crise. “O processo de recuperação judicial é a melhor forma de negociar o passivo junto aos credores, de reduzir o pagamento de juros abusivos e voltar a crescer. Dessa forma é possível manter os empregos existentes, já que o negócio possui viabilidade econômica e tem plenas condições de recuperar sua saúde financeira", explicou.
Sousa destaca ainda que 2025 pode ser o ano com maior número na história de recuperações judiciais no agronegócio. “Essa alta do dólar alavancou e muito o preço dos insumos agrícolas, e o preço das commodities não acompanhou essa alta, esse descompasso entre custo para produzir e venda dos produtos vai causar um aumento no endividamento dos produtores, e a recuperação judicial é e será a melhor ferramenta para salvar o negócio neste período”, ponderou.
Histórico
Com sede em Primavera do Leste, o Grupo Wagron atua na agropecuária com criação de gado, plantio de grãos e comercialização de insumos agrícolas. De acordo com o pedido de recuperação judicial, o grupo foi afetado com a quebra da produção de grãos e inadimplência de clientes que comercializam insumos agrícolas.
Em 2018 o grupo sofreu o primeiro grande prejuízo no campo, quando por falta de chuva, uma área de 1,1 mil hectares teve sua produtividade reduzida para a metade do esperado. Assim como a safra de milho de 2020/2021 que também por falta de chuva colheu uma média de 40 sacas por hectare, quando o esperado era 120 sacas.
Nos anos seguintes a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia afetaram diretamente os custos de produção, e com a baixa no preço das commodities causaram grandes perdas aos produtores.
Recentemente, com a crise no campo, o grupo também enfrentou dificuldades com a diminuição das vendas e a inadimplência de vários clientes.
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