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MÍDIA CIÊNCIA Domingo, 11 de Fevereiro de 2024, 10:05 - A | A

11 de Fevereiro de 2024, 10h:05 - A | A

MÍDIA CIÊNCIA / GRUPOS DO TELEGRAM

"Posicionamento sem consenso científico”, dizem pesquisadores sobre notícias falsas divulgadas por movimento antivacina em MT

Uma das estratégias dos negacionistas é utilizarem a morte de celebridades, afirmando que elas morreram após tomarem uma dose da vacina.

CECÍLIA NOBRE
Da Redação



Nos últimos anos, o movimento antivacina deu um salto, em especial durante a pandemia do Covid-19, o que tem refletido negativamente em nossa sociedade já que doenças que haviam sido erradicadas retornaram, além de um grande número de pessoas que desenvolveram morbidades ou acabaram mortas, devido a não vacinação. Em Mato Grosso, grupos de chats do Telegram são exemplos de plataformas utilizadas para disseminar a desinformação.  

Um dos grupos da plataforma, o “MT-Brasil, Pátria, Família e Liberdade” composto por quase 200 membros é repleto de fake news, que são compartilhadas dentro da comunidade e sendo disseminadas para outros grupos, em outras redes. Os assuntos discutidos são os mais variados, mas o que se destaca são as inverdades relacionadas a vacinação, com alegações que já foram refutadas por especialistas da área da saúde.  

Entre as diversas alegações, constam links para matérias onde pseudo-especialistas falam sobre o surgimento do Covid-19 e seu imunizante, afirmando que ambos foram criados na década de 90, como uma arma biológica e que a empresa farmacêutica, Pfizer, estaria por trás disso.  

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Há também aqueles que compartilham vídeos ou imagens de pessoas acamadas, onde afirmam que estão gravemente doentes devido a vacina. Em um dos casos foi compartilhado o vídeo de uma família, onde os integrantes estavam com as pernas inchadas e a pessoa que realizava a filmagem falava que sua mãe e seus dois irmãos desenvolveram trombose logo após tomarem a terceira dose da vacina contra o Covid-19.

O vídeo é acompanhado do seguinte texto: “Família inteira sequelada pela vacina. Outra cena do cotidiano hoje em dia; eu mesmo conheço vários exemplos. Creio que a esta altura não há ninguém mais que não tenha um ou vários parentes mortos ou sequelados pela vacina. O mais recente censo populacional já mostra milhões de pessoas a menos no brasil”.  

Mídiajur

Print, Grupo, Antivacina, Telegram, Mato Grosso

 

Outra estratégia dos negacionistas é utilizar a morte de celebridades afirmando que elas morreram após a aplicação da vacina. Uma das pessoas utilizadas nessas fake news foi a cantora Rita Lee, que morreu no ano de 2023, aos 75 anos, vítima de câncer no pulmão. Na publicação, os antivacinas compartilharam um vídeo cuja legenda era: “A relação entre a vacina da Covid-19 e o câncer de Rita Lee”.  

Mídiajur

Print, Grupo, Antivacina, Telegram, Mato Grosso

 

No Telegram há diversos outros grupos com a mesma linha e de diferentes regiões do país como o "Diga não a picada", com mais de 1500 membros e o "Virumania" com mais de 10 mil participantes. O grupo “Médicos pela vida”, por exemplo, foi suspenso em 2023, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por seu envolvimento em atos antidemocráticos no 8 de janeiro. A comunidade era conhecida pela divulgação de fake news contra prevenção do Covid-19 e defendia os tratamentos precoces do “kit Covid” compostos pelos medicamentos: hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e corticosteroides sistêmicos, que tiveram a ineficácia comprovada.  

Pesquisadores estudam sobre o negacionismo

Em seu artigo, os pesquisadores Vanusa Maria de Oliveira, da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e Geison Jader Melloda, da

Os negacionistas da vacina estão presentes de forma contínua nas redes sociais divulgando seus posicionamentos radicais e sem consenso científico, prejudicando o processo de imunização

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), afirmam que os grupos antivacina existem desde a época em que o imunizante foi criado, em meados de 1800.  

Para eles, o fato de a sociedade ter receios e dúvidas quanto a vacinação acaba por alimentar esses grupos negacionistas e que o governo tem uma parcela de culpa, devido à forma como realiza suas divulgações voltadas a área da saúde. “Nesse contexto, o movimento antivacina é amplamente favorecido e se sustenta na falta de confiança das pessoas e na ineficiência do modelo de divulgação de informações adotado pelos órgãos de saúde responsáveis pela imunização”, diz trecho da pesquisa.   

Os autores afirmam também que o combate ao Covid-19 teve grandes dificuldades devido ao negacionismo científico e a divulgação de notícias falsas sobre a pandemia, fazendo com que a população demonstrasse resistência em cumprir as medidas protetivas e a imunização.  

“Os negacionistas da vacina estão presentes de forma contínua nas redes sociais divulgando seus posicionamentos radicais e sem consenso científico, prejudicando o processo de imunização”, destacam.

Virologista reforça importância da imunização

Para Ana Cláudia Pereira Terças Trettel, professora, pesquisadora e virologista da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e da UFMT, o risco da não vacinação é a reemergência, ou seja, voltarmos com casos de doenças que que estavam erradicadas ou controladas com a vacinação.

“Toda vez que temos uma ‘arma’ pra nos defendermos de uma determinada doença e deixamos de utilizá-la, mesmo sendo acessível e gratuita, voltamos a ter essas doenças e grandes casos de morbidade, comprometendo a qualidade de vida e também levando a mortalidade, porque, essas doenças que tem vacina, mas as pessoas não tomam, podem levar ao óbito”, relatou.    

De acordo com a virologista, os mais afetados são os que possuem o sistema imunológico mais frágil como crianças, idosos, gestantes e pessoas que tem doenças que deprimem, ou seja, que deixam o sistema imunológico mais fraco e mais frágil. A pesquisadora apontou ainda que pessoas que possuem esse sistema imunológico instável, mesmo tomando a vacina, não conseguem produzir as “armas” necessárias para matar aquele microrganismo.

“Então, acaba sendo um grande egoísmo quando a gente deixa de tomar vacinas, que já existem e têm a eficácia comprovada, expondo não só a nós mesmos, mas todas as pessoas do nosso entorno, principalmente as mais vulneráveis, imunologicamente falando”, destacou.  

Sobre as fake news, a pesquisadora disse que as vacinas não seriam autorizadas e comercializadas no mundo todo se tivessem as inverdades alegas pelos negacionistas, em sua composição. 

“A primeira coisa que conseguimos observar nessas fake news é que eles divulgam informações de supostos profissionais da saúde, sendo que, a maioria deles, nem são profissionais da área e os que são, não possuem o registro em seu conselho de classe, ou tendem para um lado político e são financiados para falarem aquelas inverdades”, afirmou a pesquisadora que destacou o fato de que a ciência é capaz de refutar todas essas notícias falsas.  

Veja abaixo outros prints de fake news compartilhadas no grupo do Telegram de Mato Grosso.

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Marta Maria da Silva 12/02/2024

Esse povo é doente. Se é que dá pra chamar ignorância, mau caratismo e alucinações coletivas de doença. Todas essas doenças são consequências do vírus que eles fizeram questão de pegar e passar para os familiares e amigos, não das vacinas. Mas vai enfiar isso nas cabeças desses negacionistas. Preferem morrer e matar os seus da doença do que admitir que são ignorantes

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Dias 11/02/2024

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2 comentários

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