MARINA CINTRA
Da Redação
Os deslizamentos nos paredões de Chapada dos Guimarães, incluindo a região do Portão do Inferno, são um processo natural e que ocorre há milhares de anos, desde a formação da região. A informação é do geólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Caiubi Kuhn, que aponta para a necessidade de monitoramento constante dos órgãos responsáveis.
Há mais de 69 anos, a cidade de Chapada do Guimarães encanta moradores, visitantes e turistas que vêm de longe vislumbrar suas belezas naturais. Localizado entre os municípios de Cuiabá e Chapada dos Guimarães, seu acesso é feito pela Rodovia Emanuel Pinheiro, MT-251, que margeia e corta o parque em grande extensão.
Neste trajeto há um ponto turístico conhecido por seu imenso abismo e paisagem esplendorosa, denominado como Portão do Inferno. Nele, atualmente, ocorre um processo natural de queda de blocos que ocorre com muita frequência em locais onde existem paredões. Na última segunda-feira (11), a região registrou duas quedas consecutivas.
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Além de professor da UFMT, Caiubi Kuhhn é presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e explicou que esse processo de quebra de blocos é natural e já ocorreu em outros anos e lugares da Chapada dos Guimarães.
“Em Chapada, por exemplo, já tivemos outros eventos similares, como a queda de bloco que aconteceu na cachoeira do Véu de Noiva em 2008. Se viajássemos no tempo até algumas dezenas de milhões de anos, as rochas que hoje formam os paredões de Chapada dos Guimarães, estariam recobrindo a região que hoje é Cuiabá. São esses processos de queda de bloco, que fazem com que lentamente aqueles paredões estejam recuando”, esclareceu.
O estado possui muitas outras áreas de risco além do portão do inferno, e é preciso que esses locais sejam monitorados e que as medidas de prevenção sejam realizadas, para evitar danos maiores no futuro
Logo após a queda das rochas, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) determinou na última terça-feira (12) a proibição por tempo indeterminado de trânsito de veículos de carga pela estrada do Portão do Inferno. Mas, além dessa medida restritiva, o geólogo afirma que as orientações neste caso devem ser feitas de três maneiras.
A primeira seria informar a população que usa a estrada de que o percurso entre a salgadeira e a curva da Mata Fria precisa ser feito com muita atenção e em baixa velocidade, em especial em dias ou semanas muito chuvosas. A segunda seria realizar um estudo para verificar quais áreas foram afetadas pelo processo de queda de bloco, e se existe indício de que outros blocos possam se soltar nas próximas semanas ou meses.
Por último, para minimizar os riscos e danos causados, é preciso que o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa criem não somente uma nova rodovia, mas sim, uma equipe técnica permanente na defesa civil, com a realização de concursos e a destinação de recursos para medidas de prevenção e monitoramento de impactos significativos, como os desastres naturais.
“O Estado possui muitas outras áreas de risco além do portão do inferno, e é preciso que esses locais sejam monitorados e que as medidas de prevenção sejam realizadas, para evitar danos maiores no futuro”, afirmou Caiubi Kuhn.
Para ajudar a prevenir as quedas rochosas, a Sinfra, em um relatório de 2021, apontou deslizamentos em 10 pontos da região do Portão do Inferno. Contudo, o Governo do Estado precisa disponibilizar uma equipe permanente para realizar o monitoramento das medidas de prevenção a desastres, pois há na região muitas áreas de risco.
Em alguns casos é possível sim realizar intervenções, ou seja, obras de engenharia, que evitem ou reduzam o risco de processos de quedas de blocos acontecer. Porém o principal é conseguir monitorar as áreas de risco para identificar situações em que um desastre possa acontecer.
No sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), em 2023, foram registrados 418 áreas de risco nos municípios de Mato Grosso, até o momento. Indicando, assim, certa atenção e ação do estado para garantir a proteção do cidadão para que novos desastres não voltem a ocorrer.
Equipes do Governo soltaram propostas de construir um viaduto, ou até um túnel por dentro dos paredões da parte superior do portão de inferno.
Os secretários de Estado Mauren Lazzaretti (Meio Ambiente) e Marcelo Padeiro (Infraestrutura) falaram à imprensa sobre propostas de construir um viaduto, ou até um túnel por dentro dos paredões da parte superior do Portão do Inferno, para garantir a trafegabilidade.
Caubi aponta que, dada a característica de solo da região, somente estudos técnicos podem dar um parecer sobre essas infraestruturas. "Mas, mesmo com o viaduto, ainda assim é necessário as medidas de prevenção a desastres", avalia.
(Com colaboração de Allan Pereira)
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Everaldo M Portela 18/12/2023
A imagem que ilustra essa matéria revela um caso claro e evidente de fatores antropicos nas erosões que ocorrem aí. A rodovia funciona como uma barragem que impede o escoamento natural e espraiado das águas que descem a encosta, fragilizando as áreas da encosta para onde são direcionadas e concentradas a drenagem. Geólogo querendo tapar o sol com a peneira!.
Everaldo M Portela 18/12/2023
São processos naturais enquanto as áreas dos platôs e encostas não forem desmatadas, mas quando passa uma rodovia ou começam a desmatar próximo às encostas, os processos erosivos passam a ser resultado das atividades antrópicas. Desconfio dos geólogos que trabalham para grandes empresas!
Jota Alves 18/12/2023
No lugar de mais uma estrada uma mini ferrovia de 30 km com vlt..promovendo turismo com beleza preservando temos trilhos temos os vagões do vlt estupidamente não usados em Cuiabá
Giorgi 17/12/2023
Não vão construir um grande autódromo de Fórmula 1, espaço gigante para shows e pistas de motocross na chapada ?? Tem algo a ver com possíveis mudanças ??
Candida. 17/12/2023
Acho graça que sempre querem justificar a degradação ambiental, como coisa do tempo!!! Se os caminhões com carga não permitida, não estivessem passando por lá, isso não estaria acontecendo...até um aluno de 3° ano sabe que a trepidação causads pelos caminhões que ali passam, causaram esse desbarrancamento.
Firmo Oliveira filho 17/12/2023
Engraçado, foi só um deputado falar em construir uma nova via para ligar as duas cidades, começou a desbarrancar. Abre o olho povão!!!.
ANDERSON ROBERTO RICAS SILVA 17/12/2023
Quando eu vejo as construções de infraestrutura que a China faz em meio a montanhas e desfiladeiros, eu só posso pensar que alguém quer construir uma nova estrada em outro lugar para valorizar uma área específica. Ou não temos engenheiros capacitados para resolver esses deslizamentos e até duplicar toca a rodovia até Chapada? Será que é para preservar um suposto ninho de carrapato africano quase extinto em algum ponto da rodovia?
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