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JUSTIÇA Quarta-feira, 07 de Fevereiro de 2024, 11:19 - A | A

07 de Fevereiro de 2024, 11h:19 - A | A

JUSTIÇA / TRIBUNAL DO JÚRI

Pistoleiro é condenado a 46 anos de prisão por chacina de pescadores em fazenda de Arcanjo

CECÍLIA NOBRE e MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação



O ex-segurança e pistoleiro Joilson James Queiroz foi condenado pelo Tribunal do Júri a 46 anos de reclusão, em regime fechado, pela chacina de quatro pescadores em uma fazenda do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro. O julgamento do réu ocorreu, nesta terça-feira (6), na 1ª Vara Criminal de Várzea Grande. 

Conforme o Conselho de Sentença, foram reconhecidas as materialidades e autorias dos homicídios contra Pedro, José e Areli, por parte de Joilson. Além disso, foi acolhido as qualificadoras de motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e crime praticado para assegurar a impunidade de outro delito.  

A divisão da dosimetria da pena foi estabelecida em 14 anos pelos homicídios qualificados, 23 anos e seis meses pelo emprego do meio cruel e pela ordem de amarrar, torturar e afogar as vítimas.

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“Dessa forma, atendendo às graves circunstâncias dos crimes e observando o disposto na parte final do dispositivo citado, é suficiente para a reprovação dos fatos, o que aumento a pena em dobro, assim, torno definitiva a reprimenda em 46 (quarenta e seis) anos de reclusão”, diz trecho da decisão.  

No intuito de resguardar a ordem pública, o juiz, Jorge Alexandre Martins Ferreira utilizou uma fala do réu, de que aguardava no Acre a prescrição do crime para retornar a Mato Grosso, para manter a prisão preventiva de Joilson e negar o direito de recorrer a liberdade.

A chacina

O quádruplo homicídio ocorreu em março de 2004, na Fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) identificou oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade, que foram indiciados por homicídio qualificado (cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa), ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.

As vítimas Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira foram mortas por funcionários da fazenda. Uma vítima foi assassinada por disparo de arma de foto, e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento.

Depois de mortos, os quatro tiveram os corpos jogados em diferentes pontos, em uma área da localidade de Capão das Antas, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.

O inquérito conduzido à época pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar, em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do sábado de 20 de março. Conforme a investigação, os amigos teriam ido ao local na intenção de pescar para consumo de suas famílias, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.

Como os quatro não retornaram para casa, no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e teve início a busca pelas vítimas. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda. Após diversas buscas, os corpos foram localizados em uma área fora da fazenda, a fim de ocultar o crime e dificultar a investigação.

De acordo com depoimentos colhidos pela DHPP, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes no final da tarde do sábado, pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen feito por um dos seguranças.

As outras três vítimas foram rendidas e então o segurança, que foi preso agora em Sergipe, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que "três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o coro das que estavam vivas".

As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004, por solicitação do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados.

Os dois envolvidos confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.

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