ALLAN PEREIRA
Da Redação
A juíza federal e ex-juíza titular da Justiça Eleitoral de Mato Grosso, Clara da Mota Santos Pimenta Alves, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Federal (PF) contra o executivo Adriano Bastos, presidente da petrolífera britânica British Petroleum no Brasil, por um episódio de injúria racial ocorrido em um pizzaria de Cuiabá na última sexta-feira (04).
Conforme as informações publicadas na coluna da jornalista Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo, o executivo teria proferido ofensas com teor xenofóbico sobre a Bahia, sendo que este é o estado natal da magistrada.
Clara da Mota auxilia o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, além de já ter atuado como juiza-membro titular no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) até setembro deste ano.
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O Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) manifestou solidariedade à magistrada, ao final da sessão plenária desta terça-feira (08), em transmissão on-line - saiba mais abaixo.
No boletim de ocorrência registrado, a magistrada diz que o executivo teria atribuído a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Bahia, estado que "não produz nada" e "não possui PIB".
A juíza Clara da Mota, que é baiana, estava acompanhada de suas duas filhas pequenas e afirmou que o executivo sabe de sua origem e de sua ocupação.
Para a PF, a magistrada relatou que um advogado teria se aproximado de sua mesa e proferido acusações de que as eleições haviam sido fraudadas, mas sem apresentar provas.
A magistrada defendeu as urnas, e uma colega confirmou que ela exercia a função de juíza e atuava no STF junto com Fachin.
Foi quando Adriano Bastos teria também se aproximado da mesa e dado início às agressões verbais.
O executivo teria dito ainda, conforme informação publicada no jornal Folha de S. Paulo, que o eleitorado de Lula é formado por "assistidos" de programas sociais, além de funcionários públicos que "não trabalham, não fazem nada".
Além de ter registrado a denúncia, a juíza notificou o setor de compliance da petrolífera e ingressou com uma ação na esfera cível, já que Clara e suas filhas eram as únicas pessoas de origem baiana na pizzaria.
Em nota, a companhia petrolífera British Petroleum apura o ocorrido e que " preza pelo respeito à diversidade e inclusão, em todos os países nos quais atua".
"A BP adota robustas regras no desenvolvimento de suas atividades e preza pelo respeito à diversidade e inclusão, em todos os países nos quais atua. Reconhecemos o compromisso do Brasil com a democracia e reforçamos que estaremos ao lado do governo brasileiro para produzir soluções em energia para o país. A companhia informa que está apurando o ocorrido", traz nota com posicionamento da empresa.
Solidariedade - O presidente do TRE-MT, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, manifestou solidariedade à juíza federal Clara da Mota ao final da sessão desta terça-feira (08).
Carlos Alberto manifestou seu apoio a colega e disse que "é repugnante a discriminação que vem assolando este pais por causa de viés político".
"Cada um de nós temos a responsabilidade pelo futuro e de promover a pacificação, e para isso devemos começar a registrar esses fatos, essas agressões, e processar os seus autores. Receba a minha solidariedade, Dra. Clara, e esteja certa que é assim que se deve agir mesmo, punindo os transgressores”, diz.
A vice-presidente e corregedora regional eleitoral do TRE-MT, desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho, endossou a manifestação de solidariedade e ressaltou que, por se tratar de uma mulher, a covardia é ainda maior.
Os demais membros da Corte do TRE e da Procuradoria Regional Eleitoral também endossaram o manifesto de apoio à magistrada.
Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, Clara da Mota também recebeu solidariedade de um grupo de magistradas do STF, nesta segunda-feira (07).
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