ALLAN PEREIRA E LÁZARO THOR
Da Redação
Conhecido como Escobar Brasileiro, Sergio Roberto de Carvalho, ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e apontado como líder de uma organização criminosa responsável por tráfico internacional de drogas, ainda deve R$ 1,3 milhão para uma proprietária rural de Juscimeira.
Sérgio foi preso com um passaporte mexicano falso, em junho deste ano, na Hungria.
Ele era responsável por comandar uma organização criminosa que mandava cocaína para a Europa, além de lavagem de dinheiro e contrabando com criminosos de vários estados, inclusive Mato Grosso. Segundo investigações da Polícia Federal, através da Operação Catrapo, Sergio utilizava um hangar em Poconé, para distribuir a droga pelo país.
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A Operação Catrapo e cumpriu mandatos de prisão em Cuiabá, Várzea Grande, Poconé e Aripuanã.
De acordo com a Polícia Federal, a organização liderada por Sérgio usava aviões para transportar cocaína adquiria no Peru e na Bolívia para a Europa, utilizando hangares de Mato Grosso como entreposto.
A reportagem do Midiajur apurou, no entanto, que Sérgio também já teve outros negócios em Mato Grosso.
De acordo com processo acessado pela reportagem, Sérgio e um grupo de pessoas fizeram um contrato particular para arrendar uma propriedade rural em Juscimeira no ano de 2005.
O contrato teria um prazo de 88 meses e 15 dias, com início para 15 de agosto, sendo que o término estava previsto para 31 de dezembro de 2012.
No ano seguinte, em 30 de setembro, a primeria parcela do contrato venceu e a proprietária não recebeu o pagamento pela propriedade arrendada.
Terezinha de Lourdes Oliveira Rezende, proprietária do imóvel, relatou ainda na inicial do processo que Sérgio e os demais não exploraram a propriedade como combinado em contrato e chegou a se reunir com eles novembro do mesmo para encerrá-lo, assumiram a dívida e desocuparem o imóvel.
"Informou a autora que o instrumento de distrato foi celebrado, mas o imóvel não foi devolvido, sendo que o Sr. Sérgio Roberto de Carvalho não atendeu mais aos telefonemas da autora, bem como não recebeu seus procuradores, e continua ocupando o imóvel até esta data [dezembro de 2006]", destaca.
Em dezembro daquele mesmo ano, a proprietária entrou na Justiça contra Sérgio e seu grupo para desocuparem a propriedade, pagar os aluguéis atrasados e uma indenização por perdas e danos materiais.
A condenação de Sérgio e dos demais saiu em janeiro de 2014 e foi confirmada pelo Tribunal de Justiça para que o "Escobar brasileiro" pague R$ 194.862,60 relativos aos aluguéis não pagos, além de custas judiciais e honorários advocatícos no valor de 1.000 mil reais.
Em junho de 2016, cerca de dez anos depois de ter entrado na Justiça, a sentença contra Sérgio e os demais começou a ser executada.
Servidores da Justiça atualizaram o valor da sentença a ser paga por Sérgio e os demais, com base na inflação e juros de mora, chegando ao valor de mais de R$ 1,3 milhão.
Em agosto de 2021, a defesa da proprietária aponta que "até a data da presente petição não houve o pagamento expontâneo de débito pelos devedores, ou sequer houve qualquer contato telefônico com os patros da Exequente que visasse à composição amigável".
Após não encontrar bens para serem bloqueados em nome de Sérgio e dos demais, a Justiça autorizou o bloqueio de valores em contas correntes.
Em setembro de 2019, foram encontrados e bloqueados R$ 920,80 bloqueados das contas de Sérgio, mas, de acordo com petição da defesa, o valor é infimo frente ao valor da sentença e pediu novo bloqueio de contas correntes ou aplicações financeiras.
Quase exatos dois anos depois, em setembro de 2021, a Justiça conseguiu encontrar mais R$ 2.869,64 em cinco bancos ou instituições financeiras.
Conforme resposta encontrada pelo Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário, portal pelo qual é executado o bloqueio de bens e imóveis em decisões judiciais, Sérgio nao é cliente das instituições financeiras ou possui contas apenas inativas, indicando que as contas não são movimentadas há anos.
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