LAURA NABUCO
DA REDAÇÃO
O empresário Filadelfo dos Reis Dias continua preso na Polinter, em Cuiabá, em uma cela destinada a detentos que possuem curso superior. Ele divide o espaço de aproximadamente 12 metros quadrados com outras pessoas, mas está tranquilo, conforme afirma o advogado Ulisses Rabaneda, que faz parte da banca de defesa.
Acusado de ser o mandante da tentativa de assassinato contra os empresários Valdinei Mauro de Sousa, seu ex-sócio, e Wanderlei Torres, da Construtora Trimec, Filadelfo se entregou na Delegacia de Capturas na última terça-feira (23).
Ele teve a prisão preventiva decretada no último dia 17 pelo desembargador Rondon Bassil Dower Filho. No mesmo dia, a defesa ingressou com um pedido de reconsideração do mandato de prisão, que ainda está sob a análise do mesmo magistrado.
Rabenada, no entanto, preferiu não antecipar quais serão os próximos passos ou que estratégia está sendo definida pela banca, que conta ainda os advogados Murilo Silva Freire, Huendel Rolim e Antônio Malheiros Filho, este último renomado criminalista que tem na sua lista de clientes o deputado federal José Genoíno, réu do processo do mensalão.
A decisão de Filadelfo de se apresentar espontaneamente à polícia foi adotada, segundo Rolim, para demonstrar que o empresário está disposto a colaborar com a Justiça. Acontece que em sua decisão, Rondon Bassil pontuou que foram feitas várias tentativas frustradas de intimação à época das investigações do MPE.
A decisão do desembargador, inclusive, foi proferida em face a um recurso impetrado pela própria defesa de Filadelfo. Os advogados requeriam a substituição de uma medida cautelar expedida pela desembargadora Maria Helena Póvoas na ocasião em que ela concedeu habeas corpus ao empresário.
Tal medida impedia Filadelfo de sair do Estado, situação que, conforme a defesa, o estava impedindo de dar continuidade às suas atividades empresariais que são voltadas principalmente à mineração e à construção civil.
A banca de advogados chegou a apresentar em juízo os endereços que Filadelfo visitaria durante sua ausência e um cronograma das cidades que ele costuma frequentar. “De quarta-feira até sexta-feira em Cuiabá/MT; de sábado até segunda-feira em São Paulo/SP; e na terça-feira no Rio Janeiro/RJ”, dizia trecho do recurso.
Ainda assim, o desembargador entendeu ser necessário mantê-lo em cárcere privado devido à “periculosidade em concreto da conduta do paciente, revelando que, em liberdade, oferece risco à ordem pública, sendo também sua libertação inconveniente para a instrução criminal, eis que pode coagir e atemorizar as testemunhas, que sequer foram ouvidas em Juízo, fazendo com que estas receiem de ratificar os fatos já revelados, negá-los ou mesmo desaparecer do distrito da culpa, evitando que a verdade transpareça”, pontuou Rondon Bassil.
Filadelfo é acusado de ter arquitetado, com o auxílio de seu funcionário Marcelo Takahashi, um atentado contra os empresários Valdinei Mauro de Sousa e Wanderlei Torres. O motivo seria seu interesse na fazenda Ajuricaba, uma propriedade rural com alto potencial aurífero, localizada em Várzea Grande, e que acabou sendo adquirida pelos dois últimos.
Valdinei e Wanderlei foram atacados dentro do imóvel por cinco homens armados em abril de 2012. Conforme a denúncia do MPE, eles só escaparam ilesos graças à blindagem do veículo em que estavam. Os bandidos, supostamente contratados por Filadelfo, efetuaram ao menos 30 disparos e ainda teriam roubado cerca de 100 quilos de ouro bruto, aparelhos celulares, um detector de metal e outros pertences das vítimas.
Ainda conforme a acusação, Filadelfo ameaçou Valdinei de morte meses antes, em janeiro. Foi exatamente por isso que o empresário adquiriu o veículo blindado.
A defesa de Filadelfo nega que ele tenha participação no crime.
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