MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Os delegados que apuram o assassinato do agente do Sistema Socioeducativo Alexandre Miyagawa, o "Japão", afirmaram que o vereador e tenente-coronel da reserva da PM Marcos Paccola (Republicanos) gera risco à sociedade ao defender "atirar pelas costas" como algo "normal". Segundo os delegados, em documento ao qual o Midiajur teve acesso, o vereador estaria passando a ideia de que "o importante é matar".
O juiz João Bosco Soares da Silva, da 10ª Vara Criminal de Cuiabá, negou o pedido de prisão preventiva assinado pelos delegados Hércules Batista Gonçalves, Fausto José Freitas da Silva, Marcel Gomes de Oliveira, Mario Roberto de Souza Santiago Júnior, Olimpio Fernandes da Cunha, Anderson Clayton da Cruz Veiga e Caio Fernando Alvares de Albuquerque.
"Contudo, sem adentrar no mérito subjetivo da presença ou não de causas justificantes, a documentação em anexo demonstra que o representado vem, ostensivamente, utilizando as redes sociais para propagar que 'atirar pelas costas' seria 'normal', o que pode gerar ou incentivar a falsa interpretação da sociedade de que agir dessa maneira seria lícito, sob quaisquer circunstâncias", diz trecho do pedido de prisão.
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Paccola afirma que atirou em Alexandre para evitar que ele matasse a namorada, a barachel em direito Janaina Sá. O casal estava em um carro e entrou na contramão próximo a uma distribuidora de bebidas na região do bairro Goiabeiras, em 1º de julho. O agente do socioeducativo teria tirado a arma da cintura e imagens de câmeras de segurança mostram ele andando atrás de Janaina antes de Paccola dar quatro tiros nas suas costas.
"No mesmo compasso, o representado vem conclamando as pessoas que possuem armas de fogo e aos policiais que 'não esmoreçam' e adotem a mesma postura, podendo provocar no consciente coletivo a falsa percepção de que o importante é matar, sem discriminar caso a caso, inflamando e causando abalo à ordem pública", afirmam os delegados.
No documento, os responsáveis pelo inquérito do caso lembram que "as redes sociais hoje constituem meio de propagação em massa, alcançando a sociedade em progressão geométrica, daí o altíssimo risco à ordem pública de se defender a eliminação de pessoas, sob o referido discurso".
"A conduta adotada pelo representado demonstra ainda insensibilidade com a própria família da vítima, a qual encontra-se ainda enlutada pela perda do ente querido, o que não pode ser admitido", avaliam.
No documento, os delegados ainda registram que Paccola responde a outros inquéritos e ações penais, "evidenciando a violação reiterada das leis e da ordem pública". A referência é a casos da Operação Coverage, na qual o tenente-coronel da reserva é réu por fraudar o sistema de registro de armas da Polícia Militar.
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