MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O policial militar Cássio Teixeira Brito, suspeito de participação na tentativa de chacina de pessoas em situação de rua em Rondonópolis, registrou um boletim de ocorrência dizendo que "perdeu" a arma registrada em seu nome na quinta-feira (28). O crime aconteceu um dia antes, na quarta-feira (27), quando dois homens foram assassinados e outros dois ficaram feridos com diversos tiros.
As informações são do delegado regional de Rondonópolis, Thiago Garcia Damasceno, em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (29). Cássio Teixeira Brito foi preso pela Polícia Civil e está detido no Comando Regional da PM de Rondonópolis. O segundo suspeito, o policial militar Elder José da Silva, membro do Batalhão de Operações Especiais (Bope), é considerado foragido, mas informações dadas por meios informais apontam que deve se entregar.
As vítimas do crime foram Odinilson Landvoigt de Oliveira, de 41 anos, e Thiago Rodrigues Lopes, de 37 anos, ambos assassinados, e também Oziel Ferle da Silva, de 35 anos, e William Pereira de Oliveira Filho, de 25 anos, que foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encaminhados ao Hospital Regional da cidade, onde seguem internados.
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O delegado detalhou indícios que levaram a Polícia Civil a esclarecer a autoria de Cássio e Elder no crime. Segundo as investigações, eles estavam a bordo de uma Land Rover de cor verde escura, registrada em nome da esposa de Cássio, quando mataram os moradores de rua em frente ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP).
Na ação, Elder levou um tiro na perna e os dois foram até a Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis para atendimento médico. O delegado Thiago Garcia Damasceno aponta que as imagens das câmeras de segurança do hospital mostram os dois policiais dentro e fora da Land Rover vinculadz à cena do crime.
"Uma das vítimas sobreviventes descreve que viu quando o carona passou a arma para o motorista, para que o motorista efetuasse os disparos. E, acredito que no nervosismo das ações criminosas, um pode ter ferido a perna do outro com um disparo acidental. E registrou depois um boletim de ocorrência com uma desculpa muito esdrúxula, que fez com que a Polícia Civil desconfiasse", relatou o delegado.
Os atiradores atiraram contra pessoas que dormiam na Avenida Bandeirantes e depois na Vila Canaã. O delegado relata que os policiais teriam atirado a esmo, sem uma pessoa que fosse alvo pré-determinado.
"Preliminarmente não existe uma causa que gerou essa ação violenta. Pode-se dizer que foi um crime de ódio mesmo, sem motivação, sem um alvo específico, foram para simplesmente matar pessoas em situação de rua. Pessoas que já vivem na hipossuficiência, já são carentes, sofrem com a ausência da ação do Estado. As pessoas confundem aquelas pessoas com criminosos, nem todos que estão ali podemos dizer que são criminosos por conta daquela situação. A gente não sabe a história de cada um que está ali. Infelizmente, pessoas que são preparadas para proteger a vida do cidadão cometeram esse erro", declarou.
Ainda de acordo com o delegado, o PM Cássio registrou um boletim de ocorrência "que coincidentemente, ele perdeu a arma dele ontem". O veículo Land Rover foi visto na casa do mesmo PM na quinta-feira e a Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão para localizar a SUV e também armas vinculadas ao crime.
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