ALLAN PEREIRA
Da Redação
A área do Parque Serra Ricardo Franco, cujo projeto de decreto de legislativo na Assembleia Legislativa visa acabar com a condição de reserva localizada em Vila Bela da Santíssima Trindade (a 521 km de Cuiabá), foi inspiração para a ficção científica "O Mundo Perdido" do médico e escritor britânico Sir Arthru Conan Doyle.
Lançado em 1912, o livro conta a história de uma expedição liderada por um paleontólogo britânico, o professor Challenger, em um território tido como impenetrável da selva amazônica onde animais pré-históricos, como dinossauros e homens macacos, ainda vagam sobre a terra.
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A inspiração para o criador do detetive Sherlock Holmes veio de um amigo, que também virou um folclore na história mato-grossense, o explorador Percy Harrison Fawcett.
Fawcett desapareceu em 1925, na região da Serra do Roncador, provavelmente próximo a Barra do Garças, durante a busca por uma civilização perdida no meio das selvas brasileiras.
Amigo de Conan Doyle de longa data, Fawcett, que explorou a região pelo lado boliviano em 1908, foi designado para ajudar na demarcação das fronteiras entre o Brasil e a Bolívia, após o Acre ter sido recém-anexado pela jovem república brasileira.
A área explorada por Fawcett – e que foi a inspiração para Conan Doyle – é o planalto de Huanchaca, que estão protegidos sobre no Parque Nacional Noel Kempff Mercado na Bolívia, enquanto a parte brasileira está no Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco.
Fotos da expedição mostrada por Fawcett a Conan Doyle, além de uma palestra na Royal Geographical Society em fevereiro de 1911, deixaram Conan Doyle impressionado com os relatos do explorador de possíveis monstros e de um mundo desconhecido no interior do planalto de Huanchaca.
O parque Ricardo Franco
O parque boliviano Noel Kempff Mercado, que tem mais de 1,5 milhão hectares, faz fronteira com os 158,6 mil hectares do parque Ricardo Franco.
De acordo com o Greenpeace, a área dos parques é tida como única do mundo, já que é uma área de transição entre a Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Por isso, a área é lar de espécies de animais e plantas únicas, que só existem naquela região, muitas delas desconhecidas pela ciência.
Um estudo de 2020 da ONG Greenpeace, com base em traçados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) aponta que 71% da área do parque Ricardo Franco está reivindicada como propriedade privada para fins de criação de gado e soja.
Destaca que depois da criação do parque, em 1997, 24% do parque já foi destruído e que 50 proprietários já foram acionados pelo Ministério Público por estarem dentro do parque e degradarem a floresta na região.
Após a criação do parque, os proprietários que já estavam sob a área da unidade deviam ter sido indenizados pelo Governo, mas eles não receberam o recurso até o momento e ficaram na região explorando a área.
Caso fosse feito hoje, a indenização aos proprietários se aproximaria no valor de R$ 1 bilhão. O Governo alega que não tem recurso para pagá-los. Esse impasse fortalece a briga pela conservação do parque e da exploração econômica dos proprietários.
O projeto para extinção do parque seria votado nesta semana, mas, após pedido do Governo e do Ministério Público, a presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputada estadual Janaina Riva (MDB), o tirou da pauta para discutir a sua situação com o Ministério Público.
Ficou decidido que, depois da reunião, o MP irá apresentar uma solução que visa manter o parque e também a propriedade de alguns proprietários para a Assembleia em até 45 dias.
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Silvia Marlene Carlos da Silva 15/05/2022
Adorei a matéria ????????????????????????????
1 comentários